sábado, 15 de outubro de 2016

Lava Jato promete fortes emoções na reta final do ano


Geraldo Bubniak - 12.abr.2016/AGB/Folhapress
Ex-senador Gim Argello (PTB), preso na 28ª fase da Operação Lava Jato, no IML de Curitiba (PR) para exame de corpo de delito
Em imagem de abril, o ex-senador Gim Argello (PTB) é preso na 28ª fase da Operação Lava Jato

15/10/2016 02h00

BRASÍLIA - Gim Argello condenado a 19 anos de prisão, Eduardo Cunha réu pelas mãos de Sergio Moro, Lula réu pela terceira vez desde o início das investigações e executivos da Odebrecht prestes a selar um acordo de delação premiada. 


A Lava Jato avança em direção ao epicentro do esquema, apesar de tropeços no próprio ego e de deslizes autoritários. Investigadores destacam, em conversas reservadas, que novembro e dezembro serão decisivos para o futuro das apurações. 

Não à toa. Três peças — Gim Argello, Cunha e Odebrecht — podem ser fundamentais para o xeque-mate que a operação quer dar no controle político do petrolão (leia-se aí os principais partidos do país, incluindo a trinca PT, PMDB e PSDB). 

Inexpressivo e desimportante para quem vive fora de Brasília, Gim talvez seja o símbolo máximo da corrupção rasteira que impregna o poder. Já fez de tudo, do modelo "baixo clero" usando entidades fantasmas para receber suas emendas parlamentares à prática requintada de cobrar propina em troca de proteger empreiteiros da CPI da Petrobras. 

Gim é ex-senador e sabe demais. Passou anos com acesso a gabinetes de ministros e senadores, entre eles o do presidente do Senado, Renan Calheiros. É (era?) amigo do alagoano. Trancafiado numa prisão, tem deixado os velhos parceiros em pânico com a possibilidade de entregá-los. 

Cunha ganhou um prazo para apresentar a Sergio Moro sua defesa da acusação de que recebeu R$ 5 milhões de propina em conta na Suíça. O deputado cassado diz que não delata porque não cometeu crime algum. A esperar se manterá o discurso em caso de condenação e cadeia. 

E ao menos 50 executivos da Odebrecht devem assinar nos próximos dias o tão negociado acordo de colaboração da empreiteira. Reportagem da Folha mostra que outros 30 funcionários do grupo estão na fila. 

Será uma hecatombe política sem precedentes, segundo os envolvidos. Um final de ano de fortes emoções. 


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