Geraldo Bubniak - 12.abr.2016/AGB/Folhapress | |
Em imagem de abril, o ex-senador Gim Argello (PTB) é preso na 28ª fase da Operação Lava Jato |
15/10/2016 02h00
BRASÍLIA - Gim Argello condenado a 19 anos de prisão, Eduardo Cunha réu pelas mãos de Sergio Moro, Lula réu pela terceira vez desde o início das investigações e executivos da Odebrecht prestes a selar um acordo de delação premiada.
A Lava Jato avança em direção ao epicentro do esquema, apesar de
tropeços no próprio ego e de deslizes autoritários. Investigadores
destacam, em conversas reservadas, que novembro e dezembro serão
decisivos para o futuro das apurações.
Não à toa. Três peças — Gim Argello, Cunha e Odebrecht — podem ser
fundamentais para o xeque-mate que a operação quer dar no controle
político do petrolão (leia-se aí os principais partidos do país,
incluindo a trinca PT, PMDB e PSDB).
Inexpressivo e desimportante para quem vive fora de Brasília, Gim talvez
seja o símbolo máximo da corrupção rasteira que impregna o poder. Já
fez de tudo, do modelo "baixo clero" usando entidades fantasmas para
receber suas emendas parlamentares à prática requintada de cobrar
propina em troca de proteger empreiteiros da CPI da Petrobras.
Gim é ex-senador e sabe demais. Passou anos com acesso a gabinetes de
ministros e senadores, entre eles o do presidente do Senado, Renan
Calheiros. É (era?) amigo do alagoano. Trancafiado numa prisão, tem
deixado os velhos parceiros em pânico com a possibilidade de
entregá-los.
Cunha ganhou um prazo para apresentar a Sergio Moro sua defesa da
acusação de que recebeu R$ 5 milhões de propina em conta na Suíça. O
deputado cassado diz que não delata porque não cometeu crime algum. A
esperar se manterá o discurso em caso de condenação e cadeia.
E ao menos 50 executivos da Odebrecht devem assinar nos próximos dias o tão negociado acordo de colaboração da empreiteira. Reportagem da Folha mostra que outros 30 funcionários do grupo estão na fila.
Será uma hecatombe política sem precedentes, segundo os envolvidos. Um final de ano de fortes emoções.
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