sábado, 15 de outubro de 2016

Odebrecht deve incluir mais 30 funcionários em acordo de delação

petrolão


Rivaldo Gomes/Folhapress
 
Presente em 21 países, com 168 mil funcionários, o Grupo Odebrecht tem receita de R$ 107,7 bilhões e lucro de R$ 498 milhões ao ano. Muitos de seus braços são investigados pela Operação Lava Jato, o que levou em junho à prisão do presidente da empresa. Na imagem, funcionários limpam a fachada da sede, em São Paulo, após protesto. Conheça 22 braços do grupo. Leia mais

A Odebrecht deve incluir mais 30 funcionários no acordo de delação premiada que negocia com o Ministério Público Federal. Se isso acontecer, a empresa pode ter ao todo mais de 80 delatores na Operação Lava Jato. 

Os novos nomes passaram a fazer parte das negociações há cerca de duas semanas, quando foi fechado o escopo do que a empresa irá relatar. 

Inicialmente, a empreiteira negociava um acordo para 53 executivos, entre eles o ex-presidente e herdeiro do grupo baiano, Marcelo Odebrecht, preso há um ano e quatro meses em Curitiba. 

No decorrer das conversas, eles trouxeram informações que incluíram outros funcionários do grupo. Os procuradores sugeriram, então, que esses citados relatassem os fatos dos quais participaram. 

Se forem contemplados no acordo, parte deles entrará na categoria de lenientes, ou seja, sem sanções penais ou multas. A questão deve ser decidida na próxima semana, a partir da análise dos relatos. 

Já os demais 53 terão pela frente cenário mais difícil. Só de multa, terão que pagar, segundo a Folha apurou, 30% dos últimos dez anos de salário que receberam da empresa. Aqueles com cargos mais altos perderão ainda os bônus que receberam em contas no exterior. 

No entanto, muitos devem se livrar da prisão, sobretudo os que já cumpriram preventiva –com exceção de Marcelo Odebrecht. Eles iniciarão as penas acordadas em regime domiciliar. 

Até o momento, os procuradores bateram o martelo nos acordos de mais de 40 executivos da companhia. 

Penas, multas e o escopo do que será falado foram definidos, faltando assinar o documento, fato que deve acontecer no próximo mês, segundo envolvidos nas tratativas. 

Entre os acordos está o que envolve Marcelo Odebrecht. O herdeiro queria sair da prisão logo após fechar delação, mas os procuradores insistiam que ele completasse quatro anos em regime fechado. 

Segundo a reportagem apurou, as conversas avançaram e a pena diminuiu em relação ao inicialmente desejado pela força-tarefa, mas o tempo que ele continuará preso ainda é mantido em segredo.
Marcelo externou muita irritação com o fato de ter que permanecer mais tempo preso após a homologação de sua colaboração. Pessoas que tiveram contato com ele disseram que o empreiteiro chegou a reagir com gritos na carceragem ao receber a notícia. 

CONTEÚDO
 
A delação da Odebrecht é uma das mais aguardadas pela força-tarefa da Lava Jato. 

Nas conversas preliminares, políticos de vários partidos foram mencionados, entre eles o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o ministro tucano José Serra (Relações Exteriores), governadores e parlamentares. Todos negam irregularidades. 

Há executivos que ainda não conseguiram fechar acordo com os procuradores, entre eles o ex-diretor Alexandrino Alencar, que chegou a ficar quatro meses preso em 2015. Os procuradores acreditam que Alencar esconde informações, boa parte referentes a Lula, com quem tinha relação de proximidade. 

Outro funcionário do grupo que teve o acordo rejeitado recentemente foi o vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht em Brasília, Claudio Melo Filho. 

Assim como Alencar, ele estaria preservando políticos, segundo envolvidos na negociação. Pessoas próximas de Alencar e Melo, porém, dizem que nas últimas horas da sexta-feira (14) as conversas avançaram e os dois podem fechar o acordo. 

Procurada, a Odebrecht não quis se manifestar.



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