quarta-feira, 11 de novembro de 2015

PF tem dificuldades em apurar ligação de Renan com desvios na Transpetro

petrolão

Pedro Ladeira - 23.set.2015/Folhapress

BRASILIA, DF, BRASIL, 23-09-2015, 17h00: O presidente do senado senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fala com a imprensa na tarde de hoje. Ele afirmou que a continuação da votação dos vetos que foi interrompida na madrugada de ontem ainda não tem data pra acontecer. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB - AL)

11/11/2015 16h33

 A Polícia Federal informou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que tem dificuldade para avançar nas investigações sobre o suposto envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com desvios na Transpetro, subsidiária da Petrobras responsável pelo armazenamento e pelo transporte de combustível.

De acordo com relatório da PF obtido pela Folha, o delegado Thiago Delabary sustentou que não realizou diligências nesse caso e que "carece de maior direcionamento, ou seja, de elementos complementares que permitam traçar uma linha investigativa factível".

Em sua manifestação, o delegado indica não saber os contratos da Transpetro em que há suspeitas de irregularidades e sustenta que "torna-se inviável encetar pesquisas 'às cegas' abarcando as centenas de contratos.

Segundo relato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro e afilhado de Renan, é apontado como elo do senador com o esquema de corrupção.


Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, disse num depoimento que Renan recebia propina de empresas contratadas pela Transpetro, e afirmou que Machado uma vez lhe entregou R$ 500 mil.

"Como José Sérgio de Oliveira Machado esteve por mais de dez anos à frente da Transpetro, torna-se inviável encetar pesquisas às cegas, abarcando as centenas de contratos firmados nesse período a fim de identificar alguma estranheza que porventura possa indicar o recebimento de vantagem ilícita e seu direcionamento ao senador Renan Calheiros, segundo hipótese inicial", afirmou o delegado.

A posição da PF será enviada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comanda os rumos das investigações de políticos com mandatos no STF e pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo.

A PF requereu mais 60 dias para investigar as ligações do presidente do Senado com a Lava Jato.

O delegado apontou ainda dificuldade em outra linha de apuração sobre Renan, que avalia se o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) atuou, supostamente em consórcio com Renan, para que a empresa Serveng Civilsan passasse a ser contratada pela Petrobras.

"A atuação do deputado Aníbal Gomes em prol dos interesses da Serveng Civilsan junto à Petrobras é fato incontroverso, eis que admitido em depoimentos e atestado por documentos encaminhados pela estatal. Não há elementos que, por ora, permitam concluir pela obtenção de vantagem indevida em face dessa dedicação aos propósitos da empresa", diz a PF.

SINDICATO

Sobre o outro caso em que Renan foi citado, o delegado da PF sustentou em seu relatório que a apuração da suposta ligação de Renan com propina do Sindicato dos Práticos está para ser concluída, faltando poucas diligências. Ele não adianta se as provas encontradas implicam ou não o presidente do Senado.

Renan nega envolvimento com a Lava Jato e diz que jamais autorizou quem quer que seja a falar em seu nome. Sem alarde, ele prestou depoimento na Superintendência da PF em Brasília, em agosto. Aos investigadores, o senador disse não ter relação próxima e negou conhecer os principais personagens do esquema de corrupção na Petrobras.

Admitiu, porém, que o ex-diretor Paulo Roberto Costa esteve em um almoço em sua residência particular, levado por Aníbal Gome, mas diz que na ocasião o PMDB negou dar-lhe apoio para assumir uma outra diretoria da estatal.

O lobista Fernando Baiano, considerado operador do PMDB no esquema, afirmou aos investigadores que o presidente do Senado também foi beneficiado por desvios em contratos de navios-sonda.


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