petrolãoPedro Ladeira/Folhapress |
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O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é levado ao avião da PF após ser preso em Brasília |
A Polícia Federal iniciou na manhã desta terça-feira (24) a 21ª fase da
Operação Lava Jato. O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso em um hotel de
Brasília. Ele iria depor nesta tarde na CPI do BNDES.
Bumlai, que já foi um dos maiores criadores de gado do país, tornou-se
alvo das investigações da Lava Jato depois que dois delatores relataram
que ele teria repassado recursos para uma nora do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e ajudado a quitar dívidas do PT, o que ele nega
ter feito.
Ao menos três filhos de Bumlai, Maurício, Cristiane e Guilherme, foram
levados à PF de Brasília, em condução coercitiva, para prestarem
depoimento nesta terça.
O advogado do pecuarista, Arnaldo Malheiros Filho, disse que ainda não
sabe as acusações contra seu cliente e que, portanto, não poderia
comentar a ação.
O juiz federal Sergio Moro autorizou uma diligência de busca e apreensão
no frigorífico Bertin (Tinto Holding) para coleta de provas relativas à
prática pelos investigados dos crimes de corrupção, peculato, lavagem
de dinheiro e de falsidade, além dos crimes antecedentes à lavagem de
dinheiro.
Natalino Bertin e Silmar Roberto Bertin, controladores do frigorífico Bertin, foram levados pela PF para prestarem depoimento.
A secretaria da CPI foi comunicada pela 13ª Vara Federal de Curitiba,
responsável pelas investigações da Lava Jato, sobre prisão de Bumlai e
que, por isso, ele não poderia comparecer ao depoimento. Outra data deve
ser marcada posteriormente.
Segundo as primeiras informações, ele estava bastante tranquilo durante a
ação da PF que ocorreu no hotel Golden Tulip, localizado a poucos
metros do Palácio da Alvorada. Bumlai foi levado para o aeroporto de
Brasília, de onde seguiu em uma aeronave da PF para a Superintendência
de Curitiba (PR).
No hotel em Brasília, os agentes da PF chegaram a procurar documentos do
empresário. Entre os mandados, também estão buscas em escritórios de
Bumlai.
A PF ainda esteve na sede do BNDES no Rio. Pediu contratos pontuais e já saiu do banco com todos eles.
A operação desta terça, chamada de Passe Livre, ocorre nas cidades de
São Paulo, Lins, Piracicaba (SP), Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados
(MS) e Brasília. Escritórios de Bumlai estão entre os alvos da ação.
Segundo a PF, as investigações da nova fase têm como foco a contratação
de um navio-sonda da Petrobras "com concretos indícios de fraude no
procedimento licitatório".
"Complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos
investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores
indevidos pagos a a agentes públicos e diretores da estatal", de acordo
com a polícia.
O empresário foi descrito pelo delator da Operação Lava Jato Fernando Soares, o Baiano, como uma espécie de lobista na Sete Brasil,
empresa que administra o aluguel de sondas para a Petrobras no pré-sal.
Em depoimento, Baiano disse que em 2011 era representante da empresa
OSX, de Eike Batista, que tentava obter contratos na Sete Brasil.
Eike nega que Baiano e Bumlai tivessem vínculo com empresas de seu grupo.
O delator afirmou, em depoimento à PF, que Bumlai recebia propina para
mediar negócios no setor de petróleo. Baiano, de acordo com o documento,
procurou ajuda do pecuarista porque soube que ele tinha proximidade com o ex-ministro Antonio Palocci.
Bumlai, em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", afirmou que levou
o presidente da Sete Brasil a um encontro com Lula, mas negou ter
providenciado benefícios a parentes dele.
O pecuarista ainda repetiu a versão, revelada pela Folha, de que os recursos que recebeu do lobista Fernando Soares eram referentes a um empréstimo, sem contrato assinado e jamais saldado, pedido ao lobista para quitar dívidas com trabalhadores de suas terras.
DÍVIDA
Ele ainda nega ter intermediado o pagamento de uma dívida do PT com o
Banco Schahin, como descrito Salim Schahin, também delator na
investigação, citando relatos de executivos do grupo.
O novo delator diz que perdoou um empréstimo de R$ 12 milhões que havia
feito ao pecuarista em 2004 em troca de um contrato de R$ 1,6 bilhão com
a Petrobras. Bumlai teria intermediado o negócio. O valor não pago ao
banco foi para o PT, na narrativa do delator.
O empréstimo foi feito pelo Banco Schahin, mas não foi quitado. Para
compensar a dívida, Bumlai teria ajudado o grupo a conseguir o contrato
de um navio-sonda com a Petrobras. Outros dois delatores da Lava Jato
(Fernando Soares e Eduardo Musa) contaram versão similar.
À Folha, Bumlai negou e disse ter como provar isso com documentos.
A versão dele é que pegou emprestados R$ 12 milhões para comprar uma
fazenda, o negócio não deu certo e o vendedor devolveu-lhe R$ 12,6
milhões em três anos.
Em entrevista, ele afirmou que esteve três vezes no gabinete de Lula
quando ele foi presidente e que ajudou a mostrar a empresários que o
petista não era "um monstro".
SUSPEITOS
Os investigados na nova fase são suspeitos pela prática dos crimes de
corrupção passiva e ativa, tráfico de influência, lavagem de dinheiro,
fraude a licitação, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Os mandados estão sendo cumpridos por 140 policiais federais e 23 auditores fiscais.
Eurides Aok - 16.mai.10/Correio do Estado | ||
O pecuarista e amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai |
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