petrolão
O
senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado,
participa de cerimônia no palácio do Planalto, em Brasília; ele foi
preso pela Polícia Federal por envolvimento no Petrolão. Leia mais
Pela primeira vez pelo menos desde 1985, o Supremo Tribunal Federal
mandou prender um senador no exercício de seu mandato. Delcídio do
Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, foi preso na manhã desta
quarta-feira (25) acusado de obstruir as investigações da Operação Lava
Jato, conforme antecipou a colunista Mônica Bergamo, da Folha.
Sob a mesma acusação, a Corte ordenou a prisão do banqueiro André
Esteves, dono do banco BTG, um dos homens mais ricos do Brasil. A prisão
de Delcídio é preventiva, ou seja, sem sem data para ser relaxada. A do
banqueiro é temporária.
Relator dos processos da Lava Jato no Supremo, o ministro Teori Zvascki informou que um dos motivos da prisão do petista
foi a oferta de uma "mesada" de pelo menos R$ 50 mil para que o
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação
premiada na investigação que apura um escândalo de corrupção na
Petrobras.
O dinheiro seria fornecido por Esteves.
O relato do ministro foi feito no início da sessão da Segunda Turma do STF que, em reunião extraordinária, manteve a prisão do petista. A acusação foi apresentada a Teori pela Procuradoria-Geral da República.
As prisões do senador e do banqueiro são o primeiro resultado do acordo de delação que Cerveró fechou com a Procuradoria-Geral da República.
Ele já havia tentado fechar o acordo duas vezes, mas os procuradores
resistiam porque viam nele "um jogador" que escondia fatos importantes
da Lava Jato.
Os ministros do STF fizeram duros discursos contra práticas criminosas
por agentes públicos, sustentaram que a imunidade parlamentar não
representa impunidade e, em tom de aviso, apontaram que os criminosos
não passarão sobre a Justiça e as instituições.
O PLANO DE FUGA, SEGUNDO A ACUSAÇÃO Filho de Cerveró gravou conversa com senador |
FUGA
Editoria de Arte/Folhapress
A Procuradoria apontou ainda que Delcídio indicou a Bernardo Cerveró,
filho do ex-diretor da Petrobras, que teria condições de influir sobre
ministros do Supremo para garantir a liberdade do ex-diretor da
Petrobras e chegou a tratar de uma eventual rota de fuga do ex-diretor caso a Justiça concedesse um habeas corpus a ele.
A ligação do senador com Cerveró remonta ao final dos anos 90,
quando Delcídio chegou a comandar a diretoria de gás da estatal no
final do governo Fernando Henrique Cardoso (1999-2001). Cerveró era o
número 2 de Delcídio.
Com a prisão, a liderança do governo no Senado deverá ficar com um dos vice-líderes. Deputados e lideranças petistas se disseram perplexos com prisão de senador e falam em violação constitucional.
O Senado ainda terá que decidir sobre a manutenção da prisão de Delcídio.
Por ter foro privilegiado, a Constituição estabelece que, em casos de
prisão em flagrante, "os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva
sobre a prisão".
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou, pelo Twitter, que a bancada
do Democratas irá votar pela manutenção da prisão do petista. "Não cabe a
esta Casa contestar decisão num momento tão grave e que abala o Senado
Federal. É importante também que o PT se pronuncie", afirmou.
Os principais partidos de oposição ao governo federal ainda pretendem utilizar a prisão do líder do governo como argumento para a necessidade de afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados.
ANDRÉ ESTEVES
Em relação ao banqueiro André Esteves, que também foi preso nesta quarta,
os investigadores sustentam que ele teria oferecido apoio financeiro à
família de Cerveró para que também não fosse citado na delação.
Além disso, ele teria sido prometido ao advogado Edson Ribeiro –também
preso preventivamente– que cuidava da defesa de Cerveró, pagamento de R$
4 milhões em honorários para que o ex-diretor não firmasse delação.
Teori disse a seus colegas que Esteves tinha cópias sigilosas dos
depoimentos que Cerveró prestou aos procuradores para fazer o seu acordo
de delação.
Esse foi um dos motivos para o pedido de prisão do banqueiro pela Procuradoria Geral da República.
Ribeiro não foi detido porque está nos Estados Unidos. Segundo fontes da
PF, o ministro Teori pedirá que seu nome seja incluído na lista da
interpol.
A Polícia Federal informou que a gravação foi obtida inicialmente pela
PGR (Procuradoria-Geral da República) e passou "ao conhecimento" da PF.
Todos os mandados de prisão e de busca e apreensão foram elaborados e
submetidos ao STF pela PGR.
OUTRO LADO
Em nota, o BTG Pactual afirma que está à disposição das autoridades para
prestar todos os esclarecimentos necessários e que vai colaborar com as
investigações.
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa do senador nem com o advogado Ribeiro.
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