Ricardo Noblat
Há insensatos em toda parte. Entregues às maiores tolices, não aceitam ser chamados de insensatos. É o caso, por exemplo, da presidente Dilma; e também do seu mestre, o ex-presidente Lula.
Os dois escolheram ser reféns de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, senhor da abertura do processo de impeachment que eles tanto receiam. E por isso o apoiam na contra mão do bom senso.
Na semana passada, como principal orador do 3º Congresso da Juventude do PT, em Brasília, Lula pediu a uma plateia barulhenta, e movida pelos arroubos próprios da idade, que não permitisse a ninguém chamar petista de ladrão.
Ora, por que ele não aproveitou o momento para refletir sobre os motivos que empurram o PT para o seu crepúsculo?
Como omitir que orientou o governo e o partido a ajudarem Eduardo a escapar da cassação que ameaça seu mandato?
Como fingir que não viu a faixa estendida no local do congresso saudando os “guerreiros do povo brasileiro”, petistas de raiz condenados pelo mensalão e sujeitos a condenação pela Lava-Jato?
Mas não: em sua lição aos moços, Lula preferiu distorcer a realidade.
“Quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia”, disse a propósito da roubalheira na Petrobras. “Então nosso companheiro Vaccari, que é um companheiro inteligente, pegava dinheiro de propina e o PSDB ia lá ao cofre e pegava dinheiro limpo?”.
Subentenda-se: todos se valem de dinheiro sujo. E como é assim, mais tolerância com o PT, por favor!
A permanência de Eduardo na Câmara contribui para acelerar a degeneração da política.
A falta de coragem do governo para enfrentar o impeachment agrava o impasse que paralisa o país.
Fora, pois, com Eduardo, enterrado em um mar de lama até o pescoço! Se para retaliar ele acolher o impeachment, que o governo o enfrente no voto, para ficar ou sair.
O que não dá mais é contabilizar como perdidos este e o próximo ano, e conceder que 2017 também possa se perder.
Naturalmente, a insensatez não pauta apenas o comportamento do primeiro escalão da República.
Quer insensatez maior do que um governador anunciar um ambicioso plano de reorganização do ensino no seu Estado sem discuti-lo antes, à exaustão, com os interessados?
Foi o que fez Geraldo Alckmin. Quis mexer com um milhão de alunos, com suas famílias e com milhares de professores da maneira mais autoritária possível.
A resposta foi rápida: em sinal de protesto, estudantes e movimentos sociais ocuparam 93 escolas em 25 cidades. E prometem ocupar outras no início desta semana.
A essa altura, o plano foi pelo ralo. Perdeu, Alckmin!
Não foi o único a perder. O prefeito Eduardo Paes, do Rio, perdeu ao insistir com a candidatura à sua sucessão de Pedro Paulo Teixeira, amigo e parceiro há 18 anos.
Insensato é o homem que bate em mulher. Ou que se refere ao ato de bater em mulher como “briga de casal”.
Néscio é quem vota em homem que bate em mulher. Ou em padrinho de homem que bate em mulher.
Pedro Paulo espancou sua ex-mulher duas vezes. Numa delas, arrancou-lhe um dente com um murro. E ameaçou tirar-lhe a filha de 10 anos, que já o vira bater na mãe em uma noite de Natal.
Objeto do desejo obsessivo de Paes, a candidatura de Pedro Paulo está morta e cheira mal. Só resta ser enterrada, quer Paes concorde com isso ou não.
A insensatez costuma cobrar um preço alto.
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