sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mobilização do governo contra aedes teve cenário maquiado no DF

Prestem bem atenção nessa história e me respondam: esse governo petista não é de apavorar? Não basta o medo o tal do zika vírus, o governo está querendo jogar nos ombros da sociedade a negligência dele. 

Não subestimem esse governo petista. Lembrem do aviso de Lula para Dilma: "Eles não sabem, eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer para que você seja a nossa presidenta por mais 4 anos neste país." 


 
Era para ser um dia comum de sábado quando uma comitiva aportou na frente da borracharia de Elder Fernandes Dias, 30, em Brazlândia, cidade a 50 km de Brasília.

Entre os presentes, estavam o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, acompanhado do vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana, de secretários de governo, deputados distritais e membros do Exército.

Assustado com a movimentação, Elder pediu a um cliente que estava na porta que voltasse mais tarde. Logo viu a massa de jornalistas e fotógrafos. "Deu mais de 100 pessoas aqui", lembra, enquanto mostra à reportagem a oficina de pouco mais de 40 m².

Renato Costa - 13.fev.2016/Folhapress
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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao participar no sábado (13/2) do Dia Nacional de Combate ao Aedes Aegypti, em Brazlândia (Renato Costa/Folhapress)


O motivo -ele afirma ter descoberto depois- era uma mobilização do governo federal contra o Aedes aegypti, que transmite dengue, chikungunya e zika, e alardeado como uma das maiores preocupações da atualidade.

Ao ver uma pilha de pneus na rua em frente à oficina, o presidente do BC, conhecido pelo tom sério, não titubeou: pegou um pneu e jogou na caçamba ao lado.

Membros do Exército iluminaram com lanternas os que ainda restavam, para ver se havia mosquitos. A foto saiu nos jornais de domingo.

"O que eles fizeram? Me deram a maior lição de moral", diz Elder, afirmando que a lembrança da visita não sai da cabeça. Mas não pelo aprendizado.

"Virei motivo de chacota", diz ele. "Ontem fui no banco e me deram um tapinha nas costas: 'então é você quem está colaborando para a dengue?'", relata.

Agora, ele diz que pretende entrar com uma ação na Justiça em relação ao caso. Motivo: segundo o proprietário da oficina, o cenário foi "maquiado" para a visita. "Maquiado" para pior.

"Foi questão de dez minutos antes. Umas pessoas chegaram, perguntaram se eu tinha pneu para jogar fora, eu disse que tinha", conta ele, que diz ter buscado cerca de 20 pneus do fundo da oficina.

"Mandaram botar do lado de fora porque iam recolher os pneus", relata ele, que jura não ser descuidado com o mosquito. "Minha filha já pegou dengue. Sei como que é."

Mas por que não disse a Tombini que os pneus não estavam ali antes? "Fiquei sem reação. Você trabalhando, sem esperar nada disso, chega cliente e fizeram aquela roda em cima de mim. Não consegui falar nada. Só concordei com tudo o que ele falou."

O PNEU SUMIU

A poucos metros da oficina de Elder, na casa de Adelaide Lopes Lucas, 79, o material apareceu sem que ela soubesse de onde na hora da visita, relata.

"Não tinha pneu. Eles que trouxeram. Acho até que levaram de volta, porque não vi mais", conta a dona de casa, que mora há 47 anos no local.

Diferente do que ocorreu com o vizinho, no entanto, ela diz que teve uma visita "anunciada" desde às 8h. Pouco antes do encontro, funcionários da administração pegaram latas de plantas e colocaram sobre um tronco. Durante a visita, o presidente do Banco Central ("não sei quem é", diz ela) tirou a água da tampa sob a lata.

Apesar da bronca, ela diz que gostou da experiência. "Foi muito chique. Só tinha gente grande, fina, Exército, Marinha. Tudo isso aqui, na minha casa?", diverte-se.

Procurados, o Banco Central e o Palácio do Planalto não se manifestaram. O governo do Distrito Federal disse que as casas foram visitadas previamente por equipes de cerimonial "para ficarem cientes do encontro e da presença da imprensa".

A administração diz ainda que "não tem conhecimento de qualquer alteração de local", como a inclusão dos pneus ou de pedidos para que fossem colocados de propósito em frente à oficina.

Para Elder, tudo foi uma questão planejada para o governo "mostrar serviço". "Se político fosse bom, o país não tava do jeito que está não."




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