segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Lava Jato apura se Lula recebeu vantagens indevidas durante mandato

petrolão


Jorge Araújo/Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do Conselho Político do PT (Partido dos Trabalhadores), em São Paulo, nesta segunda
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião do Conselho Político do PT



Em manifestação enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), a força-tarefa da Operação Lava Jato informou que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu vantagens indevidas "durante seu mandato presidencial". 

De acordo com a força-tarefa, a investigação tem a finalidade de analisar se ele foi beneficiado por construtoras envolvidas na Lava Jato, recebendo vantagens que foram "materializadas, dentre outros, em imóveis em Atibaia e Guarujá (SP)". 

Para os procuradores, uma avaliação prévia das provas indica a suspeita de que um apartamento e um sítio ligados ao ex-presidente podem ter relação com lavagem de dinheiro. Essa é a primeira vez que a força-tarefa fala sobre as apurações envolvendo Lula.
Também são alvos da força-tarefa nesse caso José Carlos Bumlai, executivos da Odebrecht e da OAS. 

As informações dos procuradores foram enviadas à ministra Rosa Weber do STF, relatora de um pedido do ex-presidente para trancar as investigações da força-tarefa e do Ministério Público Estadual de São Paulo sobre suposto favorecimento de empreiteiras ao petista. 

O Ministério Público apura a situação do tríplex no condomínio Solaris, em Guarujá (SP), e suspeitas de irregularidades na transferência para a empreiteira OAS de obras inacabadas da Bancoop. 

A força-tarefa da Lava Jato passou a investigar a participação da empreiteira Odebrecht em reforma de sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo petista e seus familiares. 

Ao STF, os advogados questionam o fato de Lula ser investigado em duas frentes, o que representaria conflito de interesse e tenta tirar da força-tarefa a investigação alegando que não há interesse da União no caso. 

O ofício da força-tarefa ao STF foi repassado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas foi assinado pelo coordenador da força-tarefa, o procurador da República Deltan Dallagnol e os outros dez integrantes do grupo. 

No texto, os procuradores defendem que as duas operações seguem linhas diferentes e devem correr normalmente. 

Deltan afirmou que durante a apuração sobre se houve prejuízo para cooperados na transferência de empreendimento da Bancoop para a OAS, surgiram indícios de favorecimento ao ex-presidente. A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo declinou e mandou a apuração para o Ministério Público Federal do Distrito Federal, que por sua vez encaminhou à PGR. O procurador ressalta que o procurador-geral da República foi quem enviou a apuração para a força-tarefa entrar no caso. 

"O procedimento de investigação criminal possui específica finalidade de apurar as supostas vantagens indevidas recebidas pelo suscitante [Lula] de construtoras investigadas na Operação Lava Jato materializadas dentre outros imóveis em Atibaia e em Guarujá", diz o documento. 

"O PIC conduzido pelo MPF as provas em cognição sumária são no sentido de que, os fatos sob apuração, além de reproduzirem tipologia criminosa de lavagem de capitais já denunciada no âmbito da operação lava jato envolvem José Carlos Bumbai, executivos da construtora Odebrecht e executivos da construtora OAS todos investigados e muitos dos quais já denunciados no esquema de corrupção que assolou a Petrobras", completou o texto. 

Ao final os procuradores sustentam ainda que é "importante considerar ainda que parte das vantagens que constituem o objeto da investigação foram supostamente auferidas pelo suscitante durante mandato presidencial, o que justifica, por si só, a competência federal".
Na semana passada, a defesa do ex-presidente afirmou que a reforma do sítio de Atibaia foi oferecida por Bumlai

Os advogados de Lula apontam também que o sítio foi adquirido em 2010 por iniciativa de Jacó Bittar, outro amigo de Lula e um dos fundadores do PT, para que pudesse ser compartilhado com o ex-presidente e seus parentes após o petista deixar a Presidência da República, no final daquele ano. 

O advogado do pecuarista Arnaldo Malheiros, porém, contestou a versão dos defensores de Lula. 

OUTRO LADO
 
O Instituto Lula afirmou que o ex-presidente sempre agiu dentro da lei e não recebeu vantagens indevidas nem durante e nem depois de seu mandato. A assessoria reitera ainda que o ex-presidente não é dono do sítio em Atibaia e nem do apartamento em Guarujá. 

Segundo os assessores, a defesa vai questionar a manifestação da Procuradoria, porque a argumentação da força-tarefa não refuta o fato de que duas instâncias estão investigando o mesmo objeto.


 

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