brasil em crise
Índices
de empresas brasileiras em painel na Bovespa, em São Paulo (SP);
enquanto o PIB caiu 1,7% no terceiro trimestre deste ano na comparação
aos três meses imediatamente anteriores, os investimentos tiveram queda
de 4%. Leia mais
O adiamento do anúncio
no corte do Orçamento e as notícias de que o governo pretende adotar
regras mais flexíveis para cumprir a meta de superavit primário
prejudicaram ainda mais a credibilidade da equipe econômica.
Nesta quinta (11), o governo decidiu postergar para março o corte que
pretende fazer nos gastos para tentar cumprir a meta de economia de 0,5%
do PIB. O anúncio era esperado para esta sexta (12).
"Esse atraso é muito ruim. A presidente já deveria ter apresentado
coisas pontuais nesse sentido em sua mensagem ao Congresso, na semana
passada", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, André
Perfeito. "Mas o clima já está tão ruim que não será isso o que vai
mudar as expectativas do mercado."
Para José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, o governo tenta
ganhar tempo para negociar com parlamentares cortes nos gastos ou
aumento de impostos para definir o Orçamento.
Marcelo Giufrida, sócio da Garde Asset Management, diz que o que mais
preocupa não é o governo postergar a decisão, mas a intenção de adotar
bandas de flutuação do superavit. Para ele, na prática, o governo está
abandonando a meta fiscal para este ano.
"No curto prazo só tem um jeito de resolver o problema fiscal: aumentar
imposto, o que é inviável por causa do Congresso", diz Perfeito.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, também acredita que
não será possível cumprir a meta. "Estimamos para este ano um deficit de
pelo menos 1% do PIB, mas com chance de revisão para 1,5% nas próximas
semanas", afirma. Ele acrescenta, porém, que o mais preocupante é a
perspectiva de endividamento crescente.
O mercado de juros futuros reflete essa preocupação. Com dívida maior, o
governo pode ter de aumentar a remuneração oferecida aos investidores
para se financiar.
Nesta quinta, o contrato de DI com vencimento em janeiro de 2021 apontou
taxa de 16,12%, ante 15,88% na véspera. Além da crise fiscal,
preocupações a economia influenciaram os negócios.
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POLÍTICA E ECONOMIA