petrolão
Alan Marques/Folhapress | |
O advogado Nilo Batista (à esq.), que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva |
Responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
advogado Nilo Batista disse, nesta segunda-feira (1), que o petista é
vítima de "achincalhamento" e "maledicência".
Nilo Batista –que se reuniu com Lula na sexta-feira (29)– contou que o
empresário Léo Pinheiro, da OAS, insistiu para que fosse feita uma
reforma no apartamento reservado ao ex-presidente, no Guarujá. Mas que Lula só soube do custo da obra pelos jornais. E, ao saber do preço, desistiu.
"A obra encareceu demais o apartamento e Lula desistiu. Mas é crime querer comprar um apartamento?".
O advogado refuta a tese de que Lula tenha mudado de versões acerca do
processo de compra do apartamento. Segundo Nilo Batista, o ex-presidente
sempre admitiu ter adquirido cotas para a futura aquisição de um
imóvel. À época, a negociação era feita pela cooperativa dos bancários, a
Bancoop. Daí, a expressão cotas. Mas, com a quebra da cooperativa, o
empreendimento foi assumido pela OAS.
"A lei de cooperativas se estrutura em cotas", justificou.
O jurista minimiza ainda a repercussão da revelação feita pela Folha, de que a Odebrecht foi responsável
pela obra em um sítio frequentado por Lula, na cidade de Atibaia.
Lembrando que o petista não é proprietário, mas "beneficiário indireto",
ele diz que Lula não ocupava mais cargo público quando as obras foram
realizadas: "Ainda não me debrucei sobre isso. Mas vamos admitir que
tenha sido feita uma obra. Qual é o problema?", reage Nilo Batista.
Segundo o advogado, um empresário poderia ter feito uma visita ao sítio
e, após avaliar a precariedade de suas instalações, se oferecer para uma
obra. "Aquilo é um puxado. E Lula não era mais funcionário público".
O advogado ironiza o fato de a compra de um barco ser apontada como indício de que Lula e sua família usufruíam do sítio: "Iria colocar o barco onde? Dentro do apartamento, colocar o bote na sala?".
'COXINHAS'
Segundo ele, o "combustível nesse processo de achincalhamento é os
coxinhas não admitirem que o um operário possa comprar um tríplex".
"Que nem é um tríplex. Tem gente que concorreu à Presidência e tem apartamento de frente para o mar no Leblon e não falam nada".
Ressaltando que não deseja que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
seja investigado, Nilo Batista reclama do tratamento dado a Lula e
lembra que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor
Cerveró disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar o
acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc
envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo
FHC.
"Não vão investigar nunca. Nem estou dizendo que deva ser investigado.
Mas defendo que a Justiça criminal se reserva para os casos em que
ocorram crimes".
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