sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Moro ironiza João Santana ao negar acesso a investigação

petrolão

Marcelo Justo - 18.ago.10/Folhapress

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18-08-2010: João Santana, marqueteiro de Dilma Rousseff, presidente da república e candidata a reeleição pelo PT (Partido dos Trabalhadores), acompanhando o debate eleitoral, no teatro Tuca, em São Paulo (SP). (Foto: Marcelo Justo/Folhapress)
O marqueteiro João Santana durante a campanha de 2010

19/02/2016 02h00

O juiz Sergio Moro negou acesso aos advogados de João Santana aos autos da investigação sobre pagamentos realizados pela Odebrecht ao marqueteiro, responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014).

Segundo Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, a abertura dos dados ao publicitário poderia pôr em risco o rastreamento de recursos financeiros ou mesmo levar à destruição de provas.

"Foram instauradas investigações que ainda tramitam em sigilo. Medida como rastreamento financeiro demanda para sua eficácia sigilo sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o ditado, dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre", escreveu o juiz, em despacho datado de terça (16).

No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas presidenciais em contas no exterior. 


Na ocasião, tanto a Odebrecht quanto Santana se recusaram a comentar, alegando que não tiveram acesso ao inquérito, conduzido pela Polícia Federal em Curitiba.

A investigação tem um de seus focos em valores recebidos por Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no Brasil, e de José Domingo Arias, derrotado no Panamá –país onde a Odebrecht tem forte atuação.

Logo após a publicação da reportagem, advogados do marqueteiro pediram acesso à investigação junto à 13ª Vara Federal de Curitiba.

Na negativa, Moro escreveu que o fato de "jornais e revistas terem especulado" sobre a investigação não altera a necessidade de sigilo.

O magistrado provoca Santana: "Evidente, querendo, poderá o investigado antecipar-se à conclusão da investigação e esclarecer junto à autoridade policial seu eventual relacionamento com o grupo Odebrecht".

No despacho, Moro menciona ainda manuscrito encontrado na casa do lobista Zwi Skornicki, apontado pelo delator Pedro Barusco como intermediário de propina.

O documento é uma carta escrita por Mônica Moura, mulher e sócia de Santana, indicando contas no Reino Unido e nos EUA. A informação foi revelada pela revista "Veja", em janeiro.

"Eventuais condutas criminosas [de Zkornicki] ainda estão em fase de apuração ["¦] Caso o requerente [Santana] tenha de fato alguma relação com referida pessoa poderá igualmente antecipar seus esclarecimentos à autoridade policial", escreveu Moro.

OUTRO LADO

Procurados, João Santana e seu advogado, Fábio Tofic, não quiseram se manifestar. Na ocasião em que pediu o acesso ao inquérito, a assessoria de publicitário afirmou que ele "nunca negou que possui empresas no exterior" e que Santana aguardaria "para apresentar os detalhes de sua vida financeira às autoridades competentes".

Na semana passada, a Odebrecht também não quis se manifestar por não ter tido acesso ao inquérito.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

POLÍTICA E ECONOMIA