'Dilma integrava o VAR-Palmares, que lançou o carro bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. A comissão não vai convocá-la. Por quê?', perguntou o general em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal 'O Globo'.

O atentado em questão foi registrado no dia 26 de junho de 1968 contra um quartel do Exército em São Paulo.

Na mesma entrevista, Rocha Paiva também duvida que a atual presidente brasileira tenha sido torturada enquanto esteve presa por sua militância política.

Segundo o general, para não ser 'parcial e maniqueísta', a comissão deveria investigar também as pessoas que participaram direta ou indiretamente de ações armadas contra o regime militar.

A Comissão da Verdade, cuja criação foi sancionada em novembro pela própria presidente Dilma, será instalada em abril para investigar as violações dos direitos humanos que foram registrados durante a ditadura, principalmente as desaparições e as torturas.

Apesar de traçar novas investigações, a comissão não poderá determinar responsabilidades penais, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou em 2010 a anistia que em 1979 amparou os torturadores e aqueles que pegaram em armas contra o regime militar.

'Não vejo porque eles (os torturadores) têm que aparecer agora se estão anistiados. E por que não convocarão quem sequestrou e quem planejou (atentados terroristas)?', indaga o general.

Diante do argumento que Dilma foi detida e torturada por sua militância, o general reformado questionou a veracidade dessas torturas.

'Ela diz que foi submetida a torturas. O Senhor tem certeza disso? Eu não sei', afirmou o general.

Dilma, que passou mais de dois anos presa durante sua juventude, já confimou ter sido torturada na época de sua militância contra a ditadura.

Rocha Paiva concedeu essa entrevista após toda a polêmica gerada na última semana, quando um grupo de militares aposentados do Exército, da Marinha e da Força Aérea questionaram a criação da Comissão da Verdade e também criticaram as posições de alguns membros do gabinete de Dilma, como o Ministro de Defesa, Celso Amorim.

A reação do Governo às críticas apresentada pelos militares foi respondida de maneira rígida. Segundo versões da imprensa, o Governo pediu aos comandantes das Forças Armadas que enviem advertências aos militares envolvidos com os comunicados, já que ainda possuem relações hierárquicas. 

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