O
embate entre o juiz Sergio Moro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva continua. No final de julho, o juiz titular da 13ª Vara Criminal
Federal não acolheu pedido
feito pela defesa do petista para que se declarasse suspeito de
julgá-lo. Agora, os advogados de Lula fazem uma réplica ao julgador e
reforçam o pedido de suspeição, rebatendo argumentos apresentados por
Moro na negativa
Para defesa de Lula, Moro teria dado opinião política na peça processual na qual negou pedido de suspeição.Ao decidir negar o pedido de suspeição, Moro afirmou que Lula se
definia como preso político, o que não seria verdade. Seus advogados
dizem que nunca fizeram tal definição, apenas alegaram que a condução
coercitiva é uma forma de prisão e que foi determinada “em desígnios
outros que não os superiores interesses da Justiça”.
Um ponto no
qual a defesa criticou com veemência a atuação do juiz foi quanto a ele
ter dito que determinou condução coercitiva, situação menos grave do que
prisão preventiva, que também poderia ter sido determinada. A defesa
disse que a afirmação é “completamente esdrúxula, descabida e ilegal,
dado que só reforça a tese de perda de imparcialidade”.
Também
ressaltou que o raciocínio de que “quem pode o mais pode o menos” é
sofisma de “regimes e espíritos autocráticos que ambicionam um poder que
desconhece limites”. E complementou: “Vade retro!”.
Sucessão de erros
Ao Supremo Tribunal Federal, Moro admitiu que errou ao não remeter de
forma imediata ao órgão as conversas telefônicas interceptadas que
envolviam autoridades com prerrogativa de foro. Para a defesa de Lula,
não se trata apenas de um erro, mas de todo um conjunto de medidas
arbitrárias e abusivas contra uma pessoa escolhida para ser investigada.
“São
sucessivos e recorrentes ‘erros’ e afrontas às normas legais, a
evidenciarem uma finalidade estranha ao processo. Em relação às
interceptações telefônicas e o levantamento de seu sigilo, por isso,
deve-se levar em consideração a dimensão do aludido desacerto. Era ele
completamente evitável bem como suas drásticas consequências”, apontou a
defesa do ex-presidente.
Opinião no processo
Os advogados de Lula disseram no pedido inicial de suspeição que a
divulgação das conversas dele com a presidente Dilma e ministros gerou
controvérsias que o impediram de assumir a pasta da Casa Civil. Moro
então respondeu: "Quanto à alegação de que o levantamento do sigilo
teria gerado controvérsias que impediram o excipiente de tomar posse
como ministro do Estado, é de se questionar se presente aqui uma relação
estrita de causa e efeito, pois a insatisfação com o anterior Governo
precedeu o fato".
Para a defesa, o trecho "insatisfação com o
anterior governo" confirma atuação política, ao fazer em uma decisão
processual, uma análise conjuntural “desnecessária do quadro
político-institucional (e partidário) do país”.
O juiz da vara de
Curitiba mencionou que as conversas de Lula com Dilma e ministros teria
"relevância jurídico-penal". Os advogados entendem que essa menção “já
configura antecipação de juízo de valor indevido, já que não compete ao
excepto [Moro] verificar se o conteúdo tem ou não ‘relevância probatória
na investigação’, pois tal prerrogativa é resguardada ao Supremo
Tribunal Federal”.
Interceptação no escritório
A interceptação que Moro autorizou no escritório de advocacia de Roberto
Teixeira, advogado de Lula, também foi citada. Moro afirma que as
conversas captadas ali não têm relevância jurídica e, por isso, nem
sequer foram utilizadas no processo. “Ora, o juízo sobre inexistência de
‘relevância’ ou não dos diálogos interceptados no ramal do escritório
Teixeira, Martins & Advogados não afasta a ilicitude de dita
captação.”
Doria e pressão pública
A nova petição da defesa Lula cita a presença de Moro em um evento de
João Doria, que já havia oficializado pré-campanha como candidato do
PSDB à Prefeitura de São Paulo e que é um notório adversário político do
ex-presidente.
No primeiro pedido de suspeição, Moro afirmou que
não tem responsabilidade sobre a pressão popular que se criou para que
ele em específico determine a prisão de Lula. Para os advogados, não é
bem assim: “Criou-se no imaginário coletivo a certeza da condenação do
excipiente [Lula] pelo excepto [Moro]. Essa ideia, por óbvio, não nasceu
espontaneamente qual Palas Athena da cabeça de Júpiter, mas vem sendo
construída, a pouco e pouco, criteriosamente, por todos os atos
perpetrados. Tão escancarada é a parcialidade denunciada que esta
certeza de condenação só existe pelo fato de ser o Excepto o julgador”.
A petição é assinada pelos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin Martins, José Roberto Batochio e Juarez Cirino dos Santos.
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