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Dilma fez sua defesa diante dos senadores na segunda (29) |
O resultado do julgamento do impeachment, que cassou o mandato de Dilma
Rousseff, mas manteve seus direitos de ocupar funções públicas, ficou
"contaminado por um dízimo" que alguns senadores teriam com o governo da
petista. A avaliação é do presidente do DEM, senador José Agripino Maia
(RN), para quem a decisão do Senado de não inabilitar a ex-presidente
para ocupar cargos públicos acabou funcionando como a aplicação de uma
"pena pela metade".
O senador do DEM disse que o episódio prejudica a base aliada do
presidente Michel Temer e "vai aumentar o esforço" do governo para
encaminhar os projetos de seu interesse. Segundo ele, o governo começa
de fato agora e o peemedebista precisa, com urgência, fazer uma reunião
para unificar a base aliada.
O que o sr. achou do resultado?
Acho que o Senado julgou, mas a decisão ficou contaminada pelo dízimo
que algumas pessoas quiseram pagar a um governo com quem tinham relação e
ao qual deviam atenção. O resultado final mostra que você pune, mas não
completa a pena, é uma punição pela metade. Parte da pena foi
deliberadamente suspensa.
Como atinge a base?
Pelo menos por um tempo vai aumentar o esforço do governo Temer para
manter o número que tem na base aliada na Câmara e Senado em torno de
seus projetos. Este episódio vai dificultar o encaminhamento dos
interesses do governo, tendo em vista que representantes da base aliada
participaram deste resultado pela metade de punição.
Gera desconfiança dentro da base aliada?
Política é um trabalho permanente, tem objetivos e se busca atingi-los.
Tem de ficar claro agora os objetivos do governo e como ele fará para
persegui-los, juntando os votos onde estiverem.
Vão recorrer ao STF?
Vamos ainda avaliar se se justifica. O processo foi presidido pelo presidente do STF, por isto vamos avaliar o fato.
O que espera do governo Temer daqui para a frente?
Primeiro de tudo tem de fazer uma urgente reunião para unificação da
base, fazer as conversas políticas e unificar a base com definição clara
de objetivos. Não dá para partido A votar pela metade, partido B votar
por inteiro e partido C votar por um terço.
É um recado para o PMDB?
Claríssimo. É um recado para todos os partidos da base, não dá para
trabalhar por pedaços de partidos. Ou o governo consegue a união de
todos os partidos da base ou o governo não vai conseguir caminhar.
Presidente viaja, volta, mas estamos numa campanha eleitoral. Como ele vai tomar as medidas neste clima?
A política envolve agilidade, acabou de acontecer o impeachment. O
governo de Temer começa agora, na verdade, para valer, ele começa agora.
Ele vai ter de acelerar a tomada de providências, a começar pela
unificação da base aliada. Que é seu maior trunfo.
É o segundo impeachment desde a Constituição de 1988. Para o país, o que representa?
Se o impeachment não existisse na Constituição, seria um problema. Mas
ele é um instrumento de salvaguarda. Se me perguntar, e para o processo
político, ele é conveniente e recomendável. Eu digo que não, porque gera
turbulência, e toda turbulência gera problemas para o crescimento do
país.
O sr. acha que este episódio contribui para a implantação do parlamentarismo no Brasil?
Não diria isto. Até porque o voto de desconfiança foi perfeitamente
substituído pelo processo de impeachment, com amplo espaço para o
contraditório, para o direito de defesa, com a presidente da República
vindo aqui no Senado. Então, o voto de desconfiança do parlamentarismo
foi substituído pelo impeachment devidamente respeitado.
FOLHA
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