terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Dilma veta medidas que tornariam financiamentos públicos mais transparentes

A presidente Dilma Rousseff vetou dois artigos da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 que dariam mais transparência a financiamentos realizados com recursos públicos. 
 
Um deles desobriga os bancos públicos a divulgar na internet demonstrativos detalhados de empréstimos a governos, e o outro derruba a obrigatoriedade de divulgação na internet de um cadastro único com todas as obras e serviços de engenharia no país. 

A íntegra da lei foi publicada na última sexta-feira (2), em edição extraordinária do Diário Oficial da União, com 32 vetos. 

Um dos artigos vetados determinava que as agências financeiras oficiais de fomento –a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)– publicassem bimestralmente na internet demonstrativos que discriminassem os financiamentos a partir de R$ 500 mil concedidos aos municípios, estados, Distrito Federal, e até a governos estrangeiros. Os relatórios teriam que informar o beneficiário e a execução física e financeira dos recursos. 

De acordo com a mensagem de veto publicada na última sexta-feira (2), os bancos não têm acesso às informações detalhadas sobre a execução física dos projetos financiados aos beneficiários e por isso eles não teriam como divulgar tal informação. 

Ainda na explicação do veto, o governo se compromete a fazer os esforços necessários para a obtenção dessas informações mas não há detalhes de como isso será feito. 

CADASTRO UNIFICADO
 
Outro veto acaba com a tentativa de se criar um cadastro unificado público para consulta centralizada de obras e serviços de engenharia custeados com recursos públicos federais. 

O cadastro registraria as obras públicas com valores superiores a R$ 20 milhões, de obras relacionadas no Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, e superiores a R$ 50 milhões se pertencerem ao Orçamento de Investimento das Empresas Estatais. 

Os relatórios teriam ainda que detalhar o tipo de obra, os custos, editais, contratos, aditivos e até as coordenadas geográficas, com o cronograma de execução financeira e o programa de trabalho. 

De acordo com o governo, a medida foi vetada porque a divulgação de algumas das informações poderia gerar potencial prejuízo às empresas já que concorrentes e fornecedores poderiam acessar dados comerciais considerados sigilosos. 

Ambos os artigos foram introduzidos na versão final da LDO de 2015 pelo relator da proposta, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), agora ministro do Tribunal de Contas da União. 

A proposta foi aprovada pelo Congresso no final de dezembro. Na volta dos trabalhos no Legislativo, em fevereiro, os parlamentares podem analisar os vetos. 

Dilma também derrubou um artigo que determinava ao governo divulgar, por meio da internet, relatórios com os valores devidos pelo Tesouro Nacional aos bancos públicos e ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Segundo o governo, "os dispositivos criaram conceitos para fatos contábeis inexistentes, prevendo um tratamento inadequado a matéria". 

A oposição criticou a medida adotada por Dilma. Em nota, o PSDB afirmou que os vetos são antidemocráticos e constrangem o Legislativo. A oposição promete derrubar os vetos no Congresso. 

Setores da base aliada do governo insatisfeitos com a nova configuração do segundo mandato de Dilma podem complicar a vida da presidente caso decidam apoiar a iniciativa dos opositores. 



Planilha sugere acordo de J&F com ex-diretor de estatal

  • Eraldo Peres | AP Photo | 22.09.2014
    Grupo J&F nega que tenha fechado contrato com Paulo Roberto Costa
Uma planilha encontrada no computador do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa indica que ele chegou a firmar contrato para prestar serviços de consultoria para o Grupo J&F, controlador do frigorífico Friboi (JBS) e maior doador de campanhas eleitorais em 2014.



O documento consta de um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que desbaratou em março do ano passado um esquema de corrupção envolvendo contratos da estatal petrolífera. Nas buscas da operação, os policiais federais também encontraram anotações na agenda do ex-diretor que citam como os valores supostamente recebidos do J&F seriam divididos.

Nessa indicação de partilha, há a sugestão de que parte do dinheiro seria devolvida ao grupo controlador da Friboi.

O J&F nega que tenha fechado contrato com Costa e que tenha desembolsado qualquer valor ao ex-diretor da Petrobrás. A planilha do computador e as anotações, porém, foram considerados suspeitos pela Polícia Federal, que passou a investigar se o grupo empresarial teve participação ou se beneficiou-se do esquema que abasteceu o caixa 2 de políticos e partidos no últimos dez anos no País.

Avanço

Até agora, sabia-se que o J&F havia sido procurado por Costa, no fim de 2012, para que o grupo comprasse uma prestadora de serviços da Petrobras, a Astromarítima, que aluga embarcações para exploração de petróleo no mar. Em abril de 2014, quando a informação veio à tona, o J&F disse que o negócio não prosperou.

Costa atuava como consultor da Astromarítima, num pré-contrato de 13 de novembro de 2012 com comissão de 5% em caso de o negócio ser fechado, o chamado "success fee".

A planilha encontrada no computador de Costa lista 81 contratos firmados pela consultoria Costa Global, do ex-diretor, e cita outros negócios. Intitulada "Contratos assinados - Costa Global", ela tem oito campos em que estão listados os negócios do ex-diretor da Petrobras. Os itens das colunas trazem o "Nº do contrato", "Empresa", "Pessoa de Contato", "Data da assinatura", "Valor mensal", "Validade", "% de success fee" e "Status".

O penúltimo item diz respeito à comissão por valor de negócio fechado e o último informa se o contrato foi finalizado, está em aberto ou traz observações pontuais.

'Assinado'

Um dos contratos em vigor da planilha era com o grupo controlador da Friboi. O contrato de número "14" da lista está em nome da "J&F" e é de 10 de dezembro de 2012. Ele tinha validade de cinco anos e previa o pagamento de 2,5% de comissão nos negócios fechados. No item status foi anotado "assinado e trocado (p.s.: sem firma reconhecida)".

Não há indicação, na planilha, sobre o motivo da consultoria. O grupo J&F sustenta que se tratava do mesmo negócio que veio a público em abril do ano passado: as negociações para a compra da Astromarítima.

Costa confessou à Justiça Federal os crimes em troca de redução de pena. Ele admitiu que as consultorias via Costa Global eram usadas para recebimento de dinheiro não declarado e de propina atrasada do período em que foi diretor (2004-2012), em depoimento prestado em ação penal que corre em Curitiba, no Paraná.
 
Depósitos

O grupo empresarial também já havia aparecido nos autos da Lava Jato a partir de depósitos de R$ 800 mil da JBS (frigorífico do grupo) em nome de uma empresa fantasma investigada na operação. Outros itens que fazem parte da lista de indícios que colocam o J&F sob suspeita são mais anotações de Costa em sua agenda pessoal, de 2012 e 2013, com registro de reuniões e contratos com representantes do grupo empresarial.

Nela, a PF achou pelo menos três registros dos negócios envolvendo os nomes "J&F". Em uma delas, Costa anotou "J&F 29/10/12". Ao analisar a anotação manuscrita, os agentes escreveram "indica ser Grupo JBS - Friboi e Banco Original (banco que pertence ao grupo)".

Logo abaixo estão anotados porcentuais que, para a PF, são as comissões dos envolvidos. "Success fee 3% J&F 3% empresa". Ao lado está anotado "75% Paulo 25% Franklein". "Franklein" é, segundo os investigadores, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivo da OAS preso no dia 14 de novembro por suspeita de integrar o cartel que abastecia o esquema de corrupção e propina na Petrobras. À PF, Medeiros negou atos ilícitos.

Energia

Outra anotação de Costa diz respeito a um negócio na área de energia que o Grupo J&F tornou público em 2012. Era a tentativa de compra do Grupo Rede, dono de usinas geradoras de energia pelo País, que acabou não se concretizando. "J&F fez proposta de compra do Grupo Rede Energia que inclui dívida de R$ 5,7 bi (nove distribuidoras)", escreveu Costa na agenda.

Naquele ano a J&F tentava comprar os ativos do Grupo Rede. Na ocasião, o consultor da J&F, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, anunciou que o grupo tinha interesse "em todos os ativos do Grupo Rede". O negócio não se efetivou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Lauro Jardim: Mercadante atuou como incendiário no pito de Dilma a Nelson Barbosa

Publicado em 6 de jan de 2015
No governo, atribui-se a Mercadante ter riscado o fósforo que incendiou a manhã de sábado de Nelson Barbosa. Segundo Lauro Jardim, do Radar on-line, quem insistiu com Dilma sobre a necessidade de desmentir Barbosa na questão do reajuste do salário mínimo foi Mercadante. Já Geraldo Samor, de VEJA Mercados,  comenta o discurso do recém-empossado ministro da Fazenda, Joaquim Levy. E Silvio Navarro, editor do site de VEJA fala sobre a situação dos novos governadores.

Levy enaltece a fase FHC no discurso de posse


O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, atribuiu ao trabalho de Fernando Henrique Cardoso, como auxiliar do presidente Itamar Franco e, depois, como sucessor dele no Planalto, o sucesso da administração Lula na distribuição de renda e no enfrentamento da crise financeira internacional de 2008. Em seu discurso de posse, Levy comparou o ajuste a ser feito neste início do segundo quadriênio de Dilma Rousseff ao esforço realizado na fase que antecedeu o lançamento do Plano Real, ainda sob Itamar.

Sem mencionar nomes, Levy disse o seguinte: “O reequilíbrio fiscal de 2015 e o cumprimento das metas em 2016 e 2017, como previsto na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] recém-aprovada, serão o fundamento de um novo ciclo de crescimento, assim como o ajuste nos gastos que antecedeu o Plano Real [gestão Itamar] foi talvez o menos falado, mas não menos importante fator do sucesso da estabilização monetária [governo FHC], que perdura até hoje, sob a eficaz vigilância do Banco Central do Brasil.”

Levy prosseguiu: “Assim também como a responsabilidade fiscal exercidata na primeira metade da década dos anos 2000 [gestões FHC e Lula] foi condição indispensável para o Brasil ter sucesso na política de inclusão social de milhões de brasileiros [administração Lula] e, pela primeira vez em sua história, poder conduzir uma política anticíclica eficaz, como fez em seguida à crise global de 2008 [governo Lula], em sintonia com o G20.”

Levy não disse senão um amontoado de obviedades. Mas o óbvio nunca foi tão necessário como na Brasília dos dias que correm. Hoje, com a vista embaçada por um tipo de vapor que só o embate político é capaz de produzir, os principais atores da Capital tropeçam no óbvio e, sem pedir desculpas, passam adiante. Não conseguem perceber que o óbvio é o óbvio. Assim, Levy fez muito bem ao proclamar o óbvio em seu discurso inaugural. Foi como se dissesse: “Eis o óbvio: o que nos trouxe até aqui foi um processo que atravessou vários governos. Para avançar, o primeiro passo é parar de ofender os fatos.”

Por falta de matéria-prima, o novo titular da Fazenda não teve como incluir o primeiro reinado de Dilma no trecho do discurso reservado às (poucas) referências positivas. Levy deixou tão claro quanto possível que chega para corrigir os erros cometidos nos últimos quatro anos. Sem eliminar direitos ou extinguir programas sociais, como exige a chefe, o Orçamento será lipoaspirado. Haverá ajustes de impostos. Cessarão os benefícios tributários. Os preços serão realinhados, eufemismo para aumentados. Em duas palavras: “A economia se transformará”.

Parafraseando Lula, a quem serviu como Secretário do Tesouro Nacional, Levy declarou na fase final do seu discurso: “Talvez nunca antes na nossa história, em períodos democráticos, houvéssemos tido a maturidade, como país, de fazer correções bem antes que uma crise econômica se instalasse.” Dito de outro modo: ainda há tempo para evitar o pior.

Nas palavras de Levy, “a economia brasileira tem bons fundamentos”. Ele arregaçou as mangas: “Estamos, sim, dispostos a implemtar as medidas necessárias.” Mas avisou: “Sem a ingenuidade das soluções fáceis.” Pareceu animado: “Vamos trabalhar com afinco na busca dos caminhos que pemitam ao Brasil prosseguir na rota do crescimento econômico.” Porém, como quem manda um recado para o alto, disse que o mais importante é “ter persistência para trilhá-los depois que os acharmos.”

A prioridade do governo é restabelecer a confiança de investidores nacionais e estrangeiros. E das agências de classificação de risco, que ameaçam rebaixar a nota do Brasil. Considerando-se que, nesse universo, Dilma virou o outro nome de desconfiança, não resta muita alternativa à presidente além de confiar num ministro que votou no seu adversário.

 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

João Paulo Cunha: o mensaleiro que quer ser padre


No mês passado, o STF negou outro pedido de Cunha, para que ele começasse a cumprir a pena no regime aberto

O ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no julgamento do processo do mensalão, não recebeu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para deixar a prisão e fazer um curso na próxima semana. Intitulado “Iniciação Cristã – Aspectos Teológicos e Patrísticos”, o curso é do tipo “intensivo de verão” e será oferecido pela Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília entre os dias 5 a 9 de janeiro.

Segundo a assessoria do STF, o pedido de Cunha não foi negado, mas como a Corte trabalha em regime de plantão, o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, declarou em seu despacho publicado na sexta-feira, 2, que o pedido não tinha caráter de urgência e, por isso, só seria apreciado na volta do recesso do Judiciário, o que, na prática, inviabiliza que o ex-deputado compareça às aulas.
 O curso tem um custo de R$ 300 (se for parcelado em duas vezes o valor sobe para R$ 320) e será dado pelo Monsenhor Antônio Luiz Catelan Ferreira, nomeado no ano passado pelo Papa Francisco para fazer parte da Comissão Teológica Internacional, um grupo de teólogos responsável por discutir as doutrinas da igreja.

No mês passado, o STF negou outro pedido de Cunha, para que ele começasse a cumprir a pena no regime aberto. Ele, no entanto, foi autorizado a passar o fim de ano com familiares em São Paulo. O ex-deputado foi condenado a seis anos e quatro meses no semiaberto.(AE)

Diário do Poder

Petrobras criou empresa de fachada para construir gasoduto bilionário

Auditoria apontou que obra teve custos superfaturados em mais de 1.800%

BRASÍLIA— A Petrobras criou "empresas de papel" para construir e operar a rede de gasodutos Gasene, conforme constatação da Agência Nacional de Petróleo (ANP) reproduzida numa auditoria sigilosa do Tribunal de Contas da União (TCU). O trecho do empreendimento que fica na Bahia - e, de acordo com técnicos do tribunal, teve os custos superfaturados em mais de 1.800% - foi inaugurado com pompa em 26 de março de 2010 pelo governo federal. Oito dias depois, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou o governo para se candidatar à Presidência da República. Ela foi à festa de inauguração em Itabuna (BA) com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Petrobras na época, José Sérgio Gabrielli, e a então diretora de Gás e Energia da estatal, Graças Foster, atual presidente da empresa.

Auditores do TCU constataram que a ANP autorizou a construção e a operação do gasoduto sem analisar os documentos das empresas e sem avaliar se o projeto era adequado. A agência reguladora pediu uma cópia do contrato de operação e manutenção do trecho entre Cacimbas (ES) e Catu (BA) em 4 de março de 2010, conforme ofício anexado ao processo que tramitou na ANP. Não houve exame do contrato, "repetindo o mero check list promovido na fase de autorização para a construção", escreveram os auditores. Três semanas depois, Lula e Dilma inauguravam o trecho, hoje em operação.

Documentos revelam como as empresas criadas para a construção da rede de gasodutos - uma engenharia financeira para dar aspecto de empreendimento privado ao negócio - tinham características de fachada. Um contrato de prestação de serviços foi assinado em maio de 2005 entre a Transportadora Gasene S.A., constituída pela Petrobras para tocar as obras, e a Domínio Assessores Ltda., um escritório de contabilidade no Rio. As duas empresas aparecem no contrato com o mesmo endereço: Rua São Bento, no quinto andar de um prédio no Centro. O próprio contrato menciona que o escritório de contabilidade "concordou em fornecer à contratante um endereço para abrigar sua sede".

O mesmo documento diz que o dono da Domínio, Antônio Carlos Pinto de Azeredo, se comprometia a exercer o cargo de presidente da Transportadora Gasene, função ocupada entre 2005 e 2011. Em reportagem publicada pelo GLOBO em 24 de dezembro, Azeredo declarou que era apenas um "preposto" da Petrobras no cargo, com o exercício de uma "função puramente simbólica". O fato de existir um laranja à frente da empresa, responsável por investimentos de R$ 6,3 bilhões, corrobora o aspecto de fachada do empreendimento - uma sociedade de propósito específico (SPE) com capital privado, administrada por uma empresa chinesa contratada sem licitação e com comprovados gastos públicos, conforme a auditoria.

"A ANP considerou que as firmas transportadoras criadas nesse arranjo financeiro 'seriam apenas empresas de papel'", constataram os técnicos do TCU no relatório da auditoria. A subsidiária da Petrobras responsável por operar as redes de gasoduto é a Transpetro, que assinou contrato com a Gasene.

A interpretação da ANP sobre o aspecto de fachada do empreendimento é compartilhada pelos auditores do TCU. "Em toda a cadeia quem estabelece os desígnios é a Petrobras. Desse modo, assevera-se que este contrato para operação e manutenção com a Transpetro e os demais realizados visaram apenas a formalizar a relação de subordinação entre as sociedades, de modo a dar contornos legais e de aparente normalidade a toda estruturação financeira que foi desenvolvida", cita a auditoria, que ainda será votada, mas já foi enviada para os procuradores da República responsáveis pela Operação Lava-Jato para que seja incorporada às investigações de corrupção na estatal.
 
Mesmo tendo apontado a existência de "empresas de papel", a ANP abdicou da atribuição de fazer uma análise técnica do empreendimento, conforme conclusão de inspeção feita em três processos da agência relacionados ao Gasene - um com pedido de autorização da construção de um trecho, outro com instrução de decreto de utilidade pública para o gasoduto e um terceiro sobre aprovação dos projetos de referência. "Em termos de análise técnica da ANP, a inspeção constatou que ela inexistiu, limitando-se, nos processos de autorização para construção e operação, a checar a entrega dos documentos exigidos", afirmam os auditores.

"Chama atenção o fato de um projeto dessa magnitude, na ordem de R$ 3,78 bilhões (valor referente somente ao trecho Cacimbas-Catu), não ter avaliação crítica dos estudos apresentados pela Petrobras para efeitos de autorização para a construção", afirmam. Segundo a auditoria, a ANP deixou de avaliar a viabilidade do projeto bilionário, embora o capital social da empresa contratada fosse de apenas R$ 10 mil, indicando que poderia tratar-se de fachada.

A inauguração do trecho do gasoduto em Itabuna, na Bahia, teve a participação de autoridades graduadas do governo Lula. Cerca de 5 mil pessoas compareceram ao parque de exposições. Dilma discursou com referências ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Gasene, apesar da operação financeira para configurá-lo como empreendimento privado, foi incluído no PAC e contou com 80% de financiamento pelo BNDES. Uma empresa chinesa, a Sinopec International Petroleum Service Corporation, foi subcontratada sem licitação, por R$ 266,2 milhões, para gerenciar o gasoduto.

- O PAC não é ficção, e o Gasene hoje prova isso. Demos um show de competência aqui - discursou Dilma.

Fiador da candidatura de Dilma, eleita em outubro daquele ano, Lula também discursou:
- Essa obra significa mais um degrau na conquista de independência do Nordeste brasileiro. Nós não estamos tirando nada de nenhum lugar do Brasil.

Participaram ainda Gabrielli, que é da Bahia, e o governador do Estado na ocasião, Jaques Wagner (PT), reeleito naquele ano, além de Graças Foster e do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Gabrielli responde a acusações relacionadas à sua gestão, como o prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e o superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima (PE).

Wagner é o atual ministro da Defesa e um dos principais conselheiros de Dilma. Graça balança no cargo devido à crise na Petrobras. E Machado, incriminado por delatores do esquema de desvio de recursos da estatal, licenciou-se do cargo de presidente até ontem.

O Gasene foi incorporado pela Transportadora Associada de Gás (TAG), subsidiária da Petrobras, em janeiro de 2012, com ativos de R$ 6,3 bilhões. Os três trechos já foram concluídos: são 130 quilômetros entre Cacimbas e Vitória (ES); 303 quilômetros entre Cabiúnas (RJ) e Vitória e 954 quilômetros entre Cacimbas e Catu.

A auditoria do TCU foi feita no trecho mais longo. Além de superfaturamento, os técnicos apontaram dispensa ilegal de licitação, inexistência de projeto básico e pagamento sem a prestação do serviço. A votação na sessão reservada de 9 de dezembro foi suspensa devido a pedido de vista. O relatório aponta como responsáveis pelas irregularidades Gabrielli e o ex-presidente da Transportadora Gasene Antônio Carlos Azeredo. Os técnicos sugerem a aplicação de multas aos dois.

Ao GLOBO, a Petrobras informou que "já apresentou esclarecimentos detalhados nos processos de auditoria do TCU no Gasene e aguarda sua manifestação". A ANP informou que "só vai se pronunciar depois da publicação do acórdão do TCU. O acórdão é o instrumento final pelo qual o TCU se pronuncia como órgão fiscalizador", informou a agência.

Por comissão, médicos fazem cirurgias desnecessárias e fraudes, informa TV

Uma máfia atua no mercado de próteses no Brasil, que movimenta R$ 12 bilhões por ano. Médicos chegam a prescrever cirurgias desnecessárias, colocando em risco a vida dos pacientes. Em troca, recebem das empresas que comercializam os implantes comissões que rendem até R$ 100 mil por mês. Em muitos casos, o esquema frauda documentos para obter liminares judicias que obrigam o SUS e planos privados de saúde a pagar por procedimentos superfaturados.

As ações criminosas foram escancaradas pelo repórter Giovanni Grizotti em reportagem exibida na noite deste domingo (4) no programa Fantástico. A apuração foi feita durante três meses, em cinco Estados. Para pilhar as transações ilegais, o repórter se fez passar por médico. Com uma câmera escondida, registrou uma impressionante sequência de propostas indecorosas. Mercadores de próteses oferecem às escâncaras comissões de 20%, 25%, 30%.

O repórter ouviu uma mulher que era responsável pela contabilidade de uma grande clínica em São Paulo. Ela falou sem exibir o rosto. “Aquilo ali parecia uma quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população”, disse, manuseando papeis. “Um exemplo que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil pra conta do médico. Tem uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão pro médico no período aqui de seis meses.”

As empresas que repassam dinheiro aos médicos por baixo da maca, normalmente em espécie, utilizam um mecanismo manjado para tentar ludibriar o fisco. Pedem aos médicos que assinem contratos de consultoria. Assim, podem lançar as comissões na contabilidade como se fossem despesas lícitas.

Diretor de um hospital de Porto Alegre por 14 anos, o médico Alberto Kaemmerer disse ter criado um grupo para revisar os pedidos de cirurgia. “A cirurgia mal indicada, ela acresce um risco muitíssimo importante. Risco de morte”, afirmou. O grupo revisor rejeitou, por desnecessárias, pelo menos 35% das cirurgias de próteses.

Deu-se coisa parecida em São Paulo, no Albert Einsten, uma das mais prestigiadas casas hospitalares da América Latina. Ali, uma equipe médica perscrutou durante um ano os pedidos de cirurgia de coluna encaminhados por médicos credenciados num determinado plano de saúde. Cláudio Lottenberg, presidente do Einstein, relatou: “Nós recebemos aproximadamente 1,1 mil pacientes no período de um ano. E desses, menos de 500 tiveram indicação cirúrgica. Então, muito possivelmente, estava havendo um exagero em relação a essas indicações.”

A reportagem exibiu casos de clientes do SUS que, após mofar na fila à espera de cirurgias de próteses, foram encaminhados pelo médico a um escritório de advocacia. Que se incumbiu de requerer liminar judicial, anexando à petição orçamento superfaturado.
No Rio, a Polícia Federal farejou um caso do gênero, que resultou em prejuízo de R$ 7 milhões ao plano de saúde dos Correios. Flagrado, João Maurício Gomes da Silva, um ex-assessor da Diretoria Regional dos Correios, firmou um acordo de delação premiada. E abriu o bico:
“Aquela empresa que, teoricamente, dizemos que era parceira, ela apresentava, já vinham com duas ou três orçamentos montados. Então, sempre determinando quem estaria levando naquela determinada cirurgia, quem seria a beneficiada.” O delator citou um caso em que uma cirurgia que deveria ter custado no máximo R$ 200 mil, roçou a casa de R$ 1 milhão.

A exposição de mais essa máfia informa ao contribuinte que há na praça outra vereda do crime rumo ao bolso dos brasileiros. Só no SUS, realizam-se anualmente 7 milhões de cirurgias para o implante de próteses. Sem saber que estava sendo gravado, um empresário de São José do Rio Preto, cidade do interior paulista, disse ter montado duas empresas de fachada para “concorrer” com a sua.

Registradas em nome de dois funcionários, as firmas de fancaria elaboram orçamentos fictícios, simulando uma disputa. E os servidores que ajudam a praticar a fraude credita-se de uma propina de 25%. A certa altura o repórter abre o jogo para o tal empresário, revelando que preparava uma notícia sobre o tema.

Antes que a ficha lhe caísse e ele começasse a negar o que acabara de afirmar, o tal empresário perdeu, por assim dizer, o rebolado. “Nós somos do Fantástico e o senhor admitiu a prática de vários crimes”, afirma o repórter, na lata. E o empresário, fazendo semblante de surpresa: “Olha, né… Brasil, né… todo mundo pega essa situação de querer alguma coisa no que produz. Então, isso o Brasil inteiro está assim.”

De fato, não há mais para onde virar. Para do lado que se olhe, o que se verifica é que “o Brasil inteiro está assim.”

 UOL Blog do Josias

domingo, 4 de janeiro de 2015

Suplentes receberão por um mês de mandato no recesso

A um mês do fim da atual legislatura, pelo menos 41 suplentes de deputados federais e um de senador assumirão um mandato relâmpago em janeiro, em pleno recesso parlamentar do Congresso. 

A abertura das vagas é resultado de renúncia ou licença de parlamentares que tomaram posse como governadores, vices, ministros e secretários estaduais no dia 1º. 

Os deputados-tampão —que vão ocupar 8% das cadeiras da Câmara— exercerão o mandato até fevereiro, quando novos parlamentares eleitos assumem seus cargos, como prevê a Constituição. 

Por um mês de mandato, os deputados que acabaram de assumir receberão salários de R$ 33,7 mil sem trabalhar, já que, em janeiro, a Câmara não debate projetos nas comissões e nem realiza sessões e votações no plenário. 

Além dos salários, cada deputado-tampão terá direito a auxílio moradia de até R$ 3.800 e a reembolso de gastos com o exercício da atividade parlamentar, cujo teto varia de R$ 28 mil a R$ 41,6 mil, conforme o Estado. 

A verba, que é repassada após prestação de contas, pode ser usada para gastos com aluguel de imóveis e carros, combustível, consultorias e publicidade, entre outros. 

"É um despropósito e um desrespeito com o contribuinte que parlamentares recebam para não trabalhar", diz Antônio Augusto Queiroz, cientista político e coordenador do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). 

Queiroz lembra que, durante o mandato, os suplentes só devem assumir quando os titulares ficam mais de 120 dias fora do cargo. 

No caso dos deputados que assumem como governadores ou secretários em janeiro, há uma brecha porque a licença é por tempo indeterminado —apesar, de na prática, ser de apenas um mês. 

"É uma distorção do sistema [a possibilidade legal de assumir por um mês]."

Dos 41 deputados que deixaram o mandato em dezembro, três assumiram como governadores —Rui Costa (PT-BA), Renan Filho (PMDB-AL) e Reinaldo Azambuja (PSDB-MS)— e sete como vice-governadores (incluindo os de Minas Gerais e de São Paulo). 

No Senado, entra o suplente do senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Eleito vice-governador do Rio, ele renunciou há duas semanas e abriu vaga para o substituto, Péricles Olivier (PP-RJ). 

SUPLENTE EMPOSSADO
 
Um dos suplentes que assumiram agora, Sérgio Carneiro (PT-BA) é autor de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) —nunca votada— que antecipa a posse dos deputados para janeiro. 

Apesar de ser crítico do modelo atual, Carneiro defende sua posse especificamente. 

Ele diz que, neste mês, vai fazer um balanço dos 17 meses de mandato que teve nesta legislatura —até abril, ele ocupou a vaga de Rui Costa, que estava licenciado para exercer o cargo de secretário de Estado na Bahia. 

"Enquanto não mudarem a lei, paciência. Mas é evidente que quem menos tem culpa na história é o suplente", afirma o petista. 

CONTRACORRENTE
 
Na contracorrente, Edgar Moury (PSB), de Pernambuco, avisou que não assumirá a vaga do vice-governador do Estado, o peemedebista Raul Henry. Domingos Leonelli (PSB), da Bahia, também enviou carta à Câmara dos Deputados em que renuncia à vaga.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

PT espera reunir 30 mil na Esplanada para posse



O PT espera cerca de 30 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para acompanhar a posse presidencial. 
 



Telões transmitirão as solenidades, que devem começar às 14h45. Ao longo do dia, shows de artistas brasilienses e da cantora Alcione irão entreter os presentes. 


De acordo com o PT, cerca de 500 ônibus de todo o país chegarão à capital. Para diminuir os custos com alojamento e alimentação, a maioria só chegará na madrugada ou manhã desta quinta-feira.


O partido alugou um ginásio e um pavilhão de exposições no centro de Brasília para acomodar os viajantes.

Toda a cerimônia de posse segue trâmites estabelecidos em lei. O início do evento acontece na Catedral Metropolitana de Brasília, localizada no fim do gramado da Esplanada dos Ministérios.

De lá, Dilma seguirá em desfile em carro aberto, o famoso Rolls-Royce, até o Congresso Nacional. 


Um grupo estimado de 30 chefes ou vice-chefes de Estado deve desembarcar em Brasília para participar da cerimônia de posse. 


Entre eles, estão o norte-americano Joe Biden, vice de Barack Obama, o vice-presidente da China, Li Yuanchao e o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven. 


A presença em peso de líderes latino-americanos também é esperada –presidentes do Uruguai, Venezuela, Chile e Paraguai, por exemplo, confirmaram a ida a Brasília. Por motivos de saúde, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, comunicou que não poderá comparecer. 


O número previsto até o momento supera o de 2011 (23). Ao todo, são esperadas 70 missões estrangeiras –foram convidados ainda os representantes de entidades como OMC (Organização Mundial do Comércio) e Unasul. 


A recepção aos mandatários deve ocorrer no Palácio do Planalto, após Dilma ser empossada no Congresso Nacional. É lá que ela faz o primeiro discurso. 


Ao contrário de Lula em 2007, quando o então presidente reeleito já estava com a faixa presidencial ao subir a rampa do Planalto, Dilma deverá receber o adereço do cerimonial do Palácio. 


Dilma terá encontros bilaterais fechados com o vice-presidente norte-americano e com a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.

Editoria de arte/Folhapress


FOLHA

Lula irá à posse, mas não engoliu perda de espaço no novo mandato

Sorrisos amarelos Lula e a cúpula do PT farão cara de paisagem nas fotos da segunda posse de Dilma Rousseff, hoje, mas o ex-presidente e dirigentes petistas não engoliram o encolhimento da sigla no novo ministério. Para apaziguar os ânimos, a presidente passou os últimos dias dizendo a correligionários e aliados de outros partidos que a equipe deve mudar depois do primeiro ano de mandato. Quando procurado por aliados indignados, Lula tem evitado comentar as primeiras medidas da pupila.
 
Ghost-writer O discurso de posse de Dilma foi escrito com a colaboração direta do ministro da Casa Civil e homem forte do segundo mandato, Aloizio Mercadante.

Cereja… A Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária do PT, esperava que saísse ontem a escolha de José Guimarães (CE) para líder do governo na Câmara, mas amargou nova decepção.

… no bolo O aceno é considerado importante para compensar a ida de Pepe Vargas, da tendência Democracia Socialista, para a Secretaria de Relações Institucionais, ainda não digerida pelo comando da legenda.

Apaga O Palácio do Planalto e o PT esperavam que Marta Suplicy se retratasse do ataque que fez nas redes sociais ao ex-ministro Alexandre Padilha e a Juca Ferreira, nomeado para seu lugar no Ministério da Cultura.

Acende Quando dirigentes petistas diziam ter sido avisados de que ela apagaria o post no Facebook e que atribuiria os petardos a algum assessor, Marta o replicou no Twitter e enviou o teor por e-mail para as redações.

Xepa 1 Uma vez perdida a batalha pelas pastas, os principais partidos da base aliada brigam agora pelos postos no segundo e terceiro escalões.

Xepa 2 A bancada do PMDB na Câmara já fez chegar ao vice-presidente Michel Temer que não vai entregar fidelidade no Congresso se os deputados não forem contemplados com cargos de direção em empresas, autarquias e agências reguladoras.

Sai pra lá PMDB e PT estão de olho em postos-chave, como o comando da Codevasf, da Chesf e do Dnit, mas PP e PR, que comandam Integração e Transportes, pastas às quais esses órgãos são vinculados, querem preencher as vagas já próxima semana.

De mudança O ministro Henrique Paim (Educação) pode assumir a secretaria-executiva de outro ministério de peso ou um posto na cúpula de uma empresa estatal da área econômica.

Por partes O novo titular do MEC, Cid Gomes, vai manter Luiz Cláudio Costa na secretaria-executiva, bem como os demais ocupantes dos escalões inferiores. Só vai montar a equipe depois de definir o piso nacional dos professores, ainda neste mês.

Lararará De um petista a um peemedebista: “Com tanta gente insatisfeita no Congresso, o Eduardo Cunha vai virar o Silvio Santos: todos os deputados vão procurá-lo pedindo socorro para abrir a Porta da Esperança”.

Nova era O novo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), vai anunciar no discurso de posse a edição de 10 decretos e medidas provisórias. Um deles cria um programa que tentará superar a extrema pobreza nos 30 municípios com IDH mais baixo do Estado.

Luva de pelica Dino também dará uma alfinetada em Roseana Sarney (PMDB): enviará à Assembleia Legislativa projeto de lei que cria um modelo de transição no Estado. Dino critica a antecessora por restringir acesso a dados de convênios e precatórios.

UFC No Espírito Santo, onde transição também foi tensa, Renato Casagrande (PSB) passará o cargo a Paulo Hartung (PMDB) e dirá que deixa R$ 3,3 bilhões em caixa, como resposta à acusação de que quebrou o Estado.


TIROTEIO
Depois de vencer nas urnas, Dilma toma posse como governante legítima do povo brasileiro. A banda de música da UDN e seus golpistas não vão conseguir estragar a festa.
DE JOSÉ GUIMARÃES (PT-CE), líder do PT na Câmara, sobre as críticas da oposição às primeiras medidas anunciadas pela presidente.


CONTRAPONTO
Em nome do pai
Helder Barbalho, que será empossado novo ministro da Pesca, contou com a ajuda do ex-presidente Lula na campanha para o governo do Pará, na qual foi derrotado pelo governador Simão Jatene (PSDB).

Num comício com Helder, Lula fez referência aos processos respondidos pelo pai do peemedebista, Jader Barbalho, e pelo então candidato ao Senado pelo PT, Paulo Rocha –que foi eleito.

–Vocês não têm do que se envergonhar –disparou.
Mesmo diante do constrangimento, continuou:
— Helder, você tem de dizer que é filho com orgulho. Paulo, você tem de ir pra eleição de cabeça erguida.