quinta-feira, 23 de junho de 2016

Advogado de campanhas de Gleisi é alvo de mandado de prisão

 
23/06/2016 09h50 - Atualizado em 23/06/2016 10h
Nesta quinta (23) PF realiza um desdobramento da 18ª fase da Lava Jato.
Adriana Justi e Bibiana DionísioDo G1 PR

PF cumpre mandado de busca e apreensão no escritório de Guilherme Gonçalves, em Curitiba (Foto: Karine Garcia/ RPC Curitiba) 
PF cumpre mandado de busca e apreensão no
escritório de Guilherme Gonçalves, em Curitiba

(Foto: Karine Garcia/ RPC Curitiba)
O advogado Guilherme de Salles Gonçalves, que participou da campanha da senadora Gleisi Hoffmann ao Senado, em 2010, e à prefeitura de Curitiba, em 2008, é alvo de mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva.

Ele não foi detido porque está em Portugal, de acordo com a Polícia Federal. Gonçalves deve se apresentar quando retornar ao Brasil, segundo o advogado dele.

Nesta quinta-feira (23), Polícia e Receita Federal realizaram uma ação de desdobramento da 18ª fase da Lava Jato que prendeu o marido da senadora e ex-ministro dos governos do ex-presidente Lula e da presidente afastada Dilma Roussef Paulo Bernando.


O nome de Gonçalves apareceu no imbróglio na Lava Jato quando a investigação chegou ao Ministério do Planejamento. Um inquérito apura suspeita de pagamento de propina através de um contrato firmado entre a pasta e a empresa Consist Software para gestão de empréstimos consignados para servidores.

Em agosto 2015, a força-tarefa que localizou no escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves documentos para a investigação. Os papeis, ainda conforme as investigações, indicam que valores recebidos pela Consist teriam sido utilizados para efetuar pagamentos em favor de Gleisi Hoffmann.

O escritório de advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck, que foi desfeito em 2013, foi  investigado por supostas irregularidades na licitação de transporte público do Distrito Federal em 2012. O Ministério Público do Distrito Federal apresentou denúncia à Justiça em março deste ano.

O que diz a defesa
Guilherme Gonçalves deve se apresentar à Polícia Federal assim que retornar de viagem, de acordo com o advogado que o representa, Rodrigo Sanches Rios. Ele disse ainda que irá recorrer à Justiça para revogar o pedido de prisão.

Ao ser questionado sobre as suspeitas de envolvimento do Guilherme Gonçalves nas irregularidades em contratos do Ministério do Planejamento, o advogado afirmou que irá se manifestar nos autos do processo.

  A operação
Esta ação de desdobramento recebeu o nome "Operação Custo Brasil". Foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14  de condução coercitiva, quando a pessoa é levada a prestar depoimento.

Um dos mandados de busca foi cumprido na casa de Bernardo e Gleisi, no bairro Água Verde, em Curitiba.

O ex-ministro do Planejamento do governo Lula e das Comunicações no primeiro governo Dilma, Paulo Bernardo, foi preso em Brasília.

A defesa do ex-ministro considera a prisão ilegal e afirmou que Bernardo se colocou à disposição da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal por diversas vezes.

Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência do governo Dilma, também foi alvo. Ele foi levado em condução coercitiva, que é quando a pessoa é obrigado a prestar depoimento na delegacia.

Outro mandado de condução coercitiva foi para o jornalista Leonardo Attuch, que administra o blog 'Brasil 247'. Ele já havia aparecido nas investigação da Lava Jato como suspeito de ter recebido dinheiro por serviços não executados.

Policiais federais também estão na sede do PT no centro de São Paulo. Os presos e o material apreendido serão encaminhados à sede da Polícia Federal, na capital paulista.

Nota dos advogados de Paulo Bernardo
O Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do Ministro.

Não bastasse isso, o inquérito instaurado para apurar a questão há quase um ano não contou com qualquer diligência, mesmo tendo o Ministro se colocado à disposição por diversas vezes tanto em juízo como no Ministério Público e Polícia Federal.

A defesa não teve acesso à decisão ainda, mas adianta que a prisão é ilegal, pois não preenche os requisitos autorizadores e assim que conhecermos os fundamentos do decreto prisional tomaremos as medidas cabíveis
 



Verônica Sterman e Rodrigo Mudrovitch

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