Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo
06 Junho 2016 | 07h 41 - Atualizado: 06 Junho 2016 | 08h 19
Parecer da Casa Civil regulamentando direitos da presidente afastada também restringiu uso de cartão corporativo
BRASÍLIA - Cansado dos ataques da
presidente afastada Dilma Rousseff e do cerco que os petistas e seus
liderados estão fazendo à sua família e à sua casa, em São Paulo, o
presidente em exercício Michel Temer decidiu partir para o
enfrentamento.
O
primeiro sinal de que Temer mudou seu comportamento foi o parecer da
Casa Civil preparado na semana passada regulamentando os direitos da
presidente afastada. Além de cortar viagens com aviões da FAB para outros locais que não Porto Alegre,
o Planalto decidiu que só Dilma terá direito a utilizar o cartão de
crédito corporativo para suas despesas pessoais. Quando estavam na
Presidência, alguns dos auxiliares dela também utilizavam o cartão.
“A decisão do Senado foi muito genérica e precisava de uma
regulamentação porque, do jeito que estava, o céu era o limite e, como
eles não tinham limite, estavam ultrapassando o limite do céu”, afirmou
ao Estado o ministro da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima, acrescentando que se esperava que “houvesse parcimônia” de
Dilma e sua equipe, mas o que houve foi exatamente o contrário.
O que mais incomodou o presidente em exercício, além dos
“abusos”, foram os seguidos cercos à sua casa, que deixaram temerosos
sua mulher, sua sogra e seu filho de 7 anos, obrigando o governo a
reforçar a segurança. O presidente, sua família e seus auxiliares
diretos se queixam que ninguém foi incomodar os familiares da presidente
afastada em Porto Alegre. Neste fim de semana, os protestos se
repetiram em São Paulo e voltaram a incomodar Temer.
Geddel comentou também sobre os problemas causados por Dilma
com a decisão de viajar pelo Brasil. “Eles pediam uma série de coisas
que não cabiam. Cada viagem, eram inúmeros funcionários que tinham de
ir, até em grupos precursores para preparar sua chegada, como se fosse a
presidente no exercício do cargo. Na verdade, estava indo fazer comício
com dinheiro público”, disse.
‘Ilegítima’. Assim que foi avisada da
redução dos seus benefícios, Dilma disse em discurso, na capital gaúcha,
que a decisão foi “ilegítima”, com objetivo de proibir que ela viaje.
“Eu vou viajar”, publicou a petista, em sua página no Facebook,
acrescentando que “é um escândalo que eu não possa viajar para o Rio,
para o Pará, para o Ceará… Isso é grave. Eu não posso, como qualquer
outra pessoa, pegar um avião (comercial).
Tem de ter todo um esquema garantindo a minha segurança, pela
Constituição. É a Constituição que manda. Estamos diante de uma situação
que vai ter de ser resolvida”.
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