Marlene Bergamo/Folhapress | ||
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em ato contra Temer em São Paulo |
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer pedindo
que o STF (Supremo Tribunal Federal) encaminhe para o juiz Sergio Moro a denúncia
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é acusado
de ter atuado para evitar a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró na Lava Jato.
Segundo a Folha apurou, a tendência é de que o ministro Teori
Zavascki, relator do processo, encaminhe a acusação nos próximos dias
para a Justiça do Paraná.
A denúncia envolve ainda Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) que perdeu a vaga no Senado após virar delator do esquema de corrupção. Com a cassação de mandato de Delcídio, não há mais acusados com foro privilegiado.
A denúncia ainda tem como alvo o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de
Lula, seu filho, Maurício Bumlai, o banqueiro Andre Esteves, e Diogo
Ferreira, ex-assessor de Delcídio. A ideia seria evitar que fossem
delatados pelo ex-diretor.
Segundo a Procuradoria, eles teriam atuado para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Cerveró.
A PGR afirmou ao STF que Lula "impediu e ou embaraçou investigação
criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central,
determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do
Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira
Rodrigues, José Carlos Bumlai, e Maurício de Barros Bumlai", e pede a
condenação de todos por obstrução da Justiça.
Os investigadores analisaram e-mail, extratos bancários, telefônicos, passagens aéreas e diárias de hotéis.
Esse é o segundo parecer encaminhado ao Supremo por Janot pedindo que as
investigações envolvendo Lula fiquem na Justiça do Paraná. Além da
denúncia, Lula é alvo de inquéritos que apuram seu suposto envolvimento
na Lava Jato, que estão parados no Supremo desde que o Teori acolheu uma
representação da presidente afastada Dilma Rousseff pedindo a anulação
da decisão de Moro que derrubou o sigilo dos grampos envolvendo Lula e
autorizou a divulgação dos diálogos de Lula. A PGR pede que a ação seja
rejeitada pelo Supremo.
O relator considerou ilegal a divulgação das interceptações e quer
avaliar de quem é a competência para continuar as apurações envolvendo
Lula: se o caso ficará no Supremo ou se permanecerá na Justiça do
Paraná.
Serão analisadas investigações como as ações da 24ª fase da Lava Jato,
que tiveram o petista, pessoas próximas, empresas e imóveis como alvo,
além de casos conexos.
A decisão do ministro foi motivada porque pessoas com o chamado foro
privilegiado, que só podem ser investigadas com aval do STF, foram
alcançadas nas apurações da força-tarefa da Lava Jato, especialmente
Dilma.
Isso ocorreu em meio a nomeação de Lula para a Casa Civil, logo depois de ter sido alvo da Lava Jato. A posse foi suspensa por decisão liminar (provisória) do ministro Gilmar Mendes que apontou indícios de desvio de finalidade na indicação, que teria objetivo de tirar Lula das mãos de Moro.
Em depoimento à PGR, Lula disse que jamais discutiu com Delcídio a
tentativa de obstruir a delação de Cerveró. A defesa de José Carlos
Bumlai tem negado acusações. A defesa de André Esteves declarou que ele
não cometeu nenhuma irregularidade.
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