Ricardo Stuckert - 9.abr.2015/Instituto Lula | ||
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) ao lado do ex-presidente Lula, no Instituto Lula, em 2015 |
03/04/2016 02h00
Aliados do vice-presidente Michel Temer (PMDB) planejam responder aos ataques que a decisão da sigla de romper com o governo Dilma Rousseff suscitou nos últimos dias. A estratégia também prevê a formulação de críticas públicas à articulação da petista de oferecer cargos e emendas em troca de votos contra o impeachment.
Nos bastidores, peemedebistas têm dito que essa trama configuraria "a versão do mensalão de Dilma" e que joga por terra o discurso de que a petista não coaduna com a corrupção, enterrando a imagem de "faxineira" que catapultou seu primeiro mandato.
Os aliados de Temer acreditam que Dilma irá insuflar a rejeição da população ao "barganhar abertamente cargos para manter o mandato" não poupando nem áreas estratégicas como a Saúde.
Conselheiros do vice dizem ainda que Temer não cairá na tentação de competir com o governo na oferta de cargos a possíveis aliados para se diferenciar da petista. Sem as mesmas armas, no entanto, como fazer para evitar que Dilma conquiste os votos que precisa para barrar o impeachment na Câmara?
A ala do partido que trabalha pelo afastamento conta com dois fatores. Primeiro, a mobilização popular. Líderes de movimentos de rua contrários ao PT fizeram, com o apoio de parlamentares pró-impeachment, um mapeamento dos endereços residenciais e dos escritórios políticos de deputados favoráveis a Dilma em suas cidades.
Com isso, pretendem fazer uma série de pequenos protestos para expor o apoio à petista e constrangê-los a mudar de opinião diante de sua base eleitoral.
O outro fator que ainda dá esperanças à ala pró-impeachment é a infidelidade da base de Dilma. Segundo esse grupo, os deputados sabem que, ainda que a presidente derrube o primeiro pedido de impeachment no plenário da Câmara, continuará com uma base mínima, insuficiente para governar, o que só agravaria a crise.
A contraofensiva da ala que é aliada a Temer decorre de dois movimentos: os ataques abertos de integrantes do governo ao vice e a reprimenda tardia que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez à decisão do PMDB de romper com o governo.
Dois dias após a reunião que sacramentou o desembarque da sigla, Renan afirmou à imprensa que o movimento não foi "inteligente". O vice-presidente Michel Temer se irritou com a declaração. Ele telefonou para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e disse que a atitude era desnecessária.
Temer ainda insinuou que Renan foi desleal, lembrando que o acordo que definiu o formado da reunião do desembarque foi fechado na casa do presidente do Senado –e na presença de Eunício.
Os três decidiram na residência oficial de Renan que o ato seria rápido –teve três minutos– e que o fim da aliança seria aprovado por aclamação, para não expor a minoria dissidente no partido pró-Dilma.
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