o impeachment
O
deputado Tiririca (PR-SP) é abraçado após o voto pró-impeachment da
presidente Dilma Rousseff durante sessão na Câmara dos Deputados
"Esse cara esteve comigo hoje. Como ele faz isso? Ele ia votar com a
gente". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um desabafo
inconformado ao assistir ao voto do deputado Tiririca (PR-SP), favorável
à abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
"Senhor presidente, pelo meu país, meu voto é sim", afirmou Tiririca
durante a sessão de domingo (17). Há quase seis anos como deputado, essa
foi a primeira vez que o ex-humorista fez uso do microfone do plenário
da Câmara.
Sentado em uma das salas de reunião do Palácio da Alvorada, Lula disse à
presidente Dilma que havia recebido Tiririca na manhã de domingo, no
quarto do hotel em que se hospeda em Brasília.
"Ele ia votar com a gente", repetiu Lula. Dilma balançou a cabeça negativamente. Estava consciente das traições.
Assessores presidenciais tentavam mapear os "traidores", não apenas entre deputados do PP, mas também PR, PMDB e outras siglas. Somente PT e PC do B não traíram o governo.
Concluiu-se ali que "o vento das ruas" não estava com Dilma e o clima
no plenário, favorável ao impedimento da petista, influenciava deputados
como Tiririca, que foi ovacionado pela oposição após dizer "sim".
Outro pepista que esteve no QG anti-impeachment que Lula montou em um
hotel de Brasília foi o deputado Paulo Maluf (SP). Ele era contrário ao
impeachment da presidente, mas mudou de ideia durante a comissão
especial da Câmara. O ex-presidente tentou reverter mais uma vez o voto
de Maluf, mas não conseguiu.
DESÂNIMO
Lula recebeu raros "nãos" em Brasília nos últimos dias, como revelou a Folha.
E o desânimo era visível no ex-presidente durante a votação de domingo.
Cabisbaixo, falava pouco e parecia realmente surpreso com alguns votos
que, para ele, eram inesperados.
Como o do deputado Adail Carneiro (PP-CE), assessor especial do
governador Camilo Santana (PT-CE). Carneiro foi exonerado para votar
contra o impeachment. Era voto certo mas, em seu discurso, votou "sim"
pelo impedimento e pediu "desculpas" à presidente.
Camilo estava no Alvorada acompanhando a votação ao lado de Dilma, Lula e
aliados. Não sabia explicar o que tinha acontecido. Aliás, esse era o
sentimento comum entre as quase vinte pessoas que estavam naquela sala.
Tiririca, por meio de sua assessoria, nega que tenha se encontrado com Lula ou mesmo falado com o ex-presidente por telefone.
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