Sérgio Lima - 19.mar.2015/Folhapress | ||
Ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque |
O depoimento de uma podóloga em sindicância que atestou privilégios a detentos da Operação Lava Jato
no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, aponta que a Andrade
Gutierrez pagou por regalias a Renato Duque, ex-diretor de serviços da
Petrobras, e outros presos do petrolão.
Andresa Regina Hilgenberg Cavalheri Diogo contou na sindicância feita pelo departamento penitenciário que nos dias 15 e 22 de setembro de 2015 deu expediente no CMP cuidando dos pés dos presos da 6ª Galeria.
A podóloga diz que atendeu Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás, Alexandrino Alencar e Márcio Faria, ex-executivos da Odebrecht, o ex-deputado federal Pedro Corrêa e mais três outros detentos da Lava Jato que não são identificados no depoimento.
A Andrade Gutierrez, segundo a podóloga, pagou pelos serviços prestados por ela ao ex-presidente da empreiteira e também a Renato Duque e outros três detentos. Cada tratamento custou R$ 250. Os serviços prestados a Alexandrino Alencar e Marcio Faria foram pagos pela Odebrecht e a advogada de Pedro Corrêa pagou pelo tratamento do ex-parlamentar, disse ela.
A presença da podóloga no presídio foi autorizada pelo diretor-geral do CMP, Marcos Marcelo Muller, a pedido da advogada de Pedro Corrêa.
O ex-deputado tem diabetes e por isso necessitaria de cuidados especiais com os pés. No depoimento, a podóloga diz que Corrêa poderia correr riscos caso não fosse atendido por uma especialista. Os outros detentos tinham demandas mais simples, segundo o depoimento.
A comissão que investigou o caso considerou que o diretor do CMP, Marcos Marcelo Muller, e seu vice, Sérgio Padilha, não comprovaram a necessidade da presença da podóloga no presídio. Por isso, foram afastados do cargo e agora respondem a um processo administrativo disciplinar. Caso condenados, podem receber penas que vão de advertência até a demissão do serviço público.
O agente penitenciário Valdir Calegari também foi implicado na sindicância e responde processo disciplinar por deixar entrar na cadeia produtos proibidos. Uma inspeção nas celas dos presos da Lava Jato encontrou "alimentação diferenciada dos demais presos". O relatório da corregedoria diz que "a sindicância comprovou que a alimentação liberada a esses presos incluía castanhas, nozes, frutas cristalizadas, chocolates suíços e frutas exóticas".
O documento relata que a desorganização no recebimento e armazenamento dos produtos não permitia saber de quem era cada coisa. Também foram encontradas nas celas vestuário diferente do uniforme do presídio. Roupas à paisana são proibidas porque podem facilitar fugas.
Um agente do CMP disse, sob a condição de anonimato, que o pavilhão onde estão os detentos da Lava Jato havia virado uma espécie de ala VIP. Segundo ele, o acesso de agentes e outros presos ao local teria sido limitado.
Segundo esse agente, a ala contava até com um segurança particular temido pelos outros detentos –informação endossada por outros dois policiais.
"Era um ex-policial militar preso por assalto e explosão de caixas eletrônicos que fazia a proteção deles. Ele era encarregado da faxina, um cargo de confiança dado pela chefia de segurança que dá acesso a diversas áreas do presídio", conta o agente.
Um ex-preso daquele pavilhão afirmou, também sob condição de anonimato, que para cultivar a boa convivência com outros detentos, os presos da Lava Jato fizeram agrados aos colegas de pavilhão, dando presentes como roupas, alimentos e até aparelhos de som e televisão.
OUTRO LADO
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná, responsável pelo Complexo Médico Penal de Pinhais, disse que "o processo corre em sigilo e ainda não foi concluído".
A Odebrecht afirmou que não há concessão de privilégios aos ex-executivos. "As regras estipuladas são respeitadas". A Andrade Gutierrez disse que não comentará. O advogado Juliano Breda, que defende o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo, afirma "que seu cliente nunca usufruiu de privilégio algum e que respeitou todas as regras". As defesas de Renato Duque e Pedro Corrêa não responderam.
A podóloga diz que atendeu Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás, Alexandrino Alencar e Márcio Faria, ex-executivos da Odebrecht, o ex-deputado federal Pedro Corrêa e mais três outros detentos da Lava Jato que não são identificados no depoimento.
A Andrade Gutierrez, segundo a podóloga, pagou pelos serviços prestados por ela ao ex-presidente da empreiteira e também a Renato Duque e outros três detentos. Cada tratamento custou R$ 250. Os serviços prestados a Alexandrino Alencar e Marcio Faria foram pagos pela Odebrecht e a advogada de Pedro Corrêa pagou pelo tratamento do ex-parlamentar, disse ela.
A presença da podóloga no presídio foi autorizada pelo diretor-geral do CMP, Marcos Marcelo Muller, a pedido da advogada de Pedro Corrêa.
O ex-deputado tem diabetes e por isso necessitaria de cuidados especiais com os pés. No depoimento, a podóloga diz que Corrêa poderia correr riscos caso não fosse atendido por uma especialista. Os outros detentos tinham demandas mais simples, segundo o depoimento.
A comissão que investigou o caso considerou que o diretor do CMP, Marcos Marcelo Muller, e seu vice, Sérgio Padilha, não comprovaram a necessidade da presença da podóloga no presídio. Por isso, foram afastados do cargo e agora respondem a um processo administrativo disciplinar. Caso condenados, podem receber penas que vão de advertência até a demissão do serviço público.
O agente penitenciário Valdir Calegari também foi implicado na sindicância e responde processo disciplinar por deixar entrar na cadeia produtos proibidos. Uma inspeção nas celas dos presos da Lava Jato encontrou "alimentação diferenciada dos demais presos". O relatório da corregedoria diz que "a sindicância comprovou que a alimentação liberada a esses presos incluía castanhas, nozes, frutas cristalizadas, chocolates suíços e frutas exóticas".
O documento relata que a desorganização no recebimento e armazenamento dos produtos não permitia saber de quem era cada coisa. Também foram encontradas nas celas vestuário diferente do uniforme do presídio. Roupas à paisana são proibidas porque podem facilitar fugas.
Um agente do CMP disse, sob a condição de anonimato, que o pavilhão onde estão os detentos da Lava Jato havia virado uma espécie de ala VIP. Segundo ele, o acesso de agentes e outros presos ao local teria sido limitado.
Segundo esse agente, a ala contava até com um segurança particular temido pelos outros detentos –informação endossada por outros dois policiais.
"Era um ex-policial militar preso por assalto e explosão de caixas eletrônicos que fazia a proteção deles. Ele era encarregado da faxina, um cargo de confiança dado pela chefia de segurança que dá acesso a diversas áreas do presídio", conta o agente.
Um ex-preso daquele pavilhão afirmou, também sob condição de anonimato, que para cultivar a boa convivência com outros detentos, os presos da Lava Jato fizeram agrados aos colegas de pavilhão, dando presentes como roupas, alimentos e até aparelhos de som e televisão.
OUTRO LADO
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná, responsável pelo Complexo Médico Penal de Pinhais, disse que "o processo corre em sigilo e ainda não foi concluído".
A Odebrecht afirmou que não há concessão de privilégios aos ex-executivos. "As regras estipuladas são respeitadas". A Andrade Gutierrez disse que não comentará. O advogado Juliano Breda, que defende o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo, afirma "que seu cliente nunca usufruiu de privilégio algum e que respeitou todas as regras". As defesas de Renato Duque e Pedro Corrêa não responderam.
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