terça-feira, 28 de junho de 2016

Casamento investigado foi em balada de luxo com show de até R$ 70 mil

Vejam como nos roubam e nos fazem pagar verdadeiras orgias que nem sabíamos que existiam. Não sabíamos, mas agora sabemos e precisamos ficar atentos. O Brasil precisa ficar livre desses "artistas sanguessugas"


Uma festa luxuosa para 120 convidados, na badalada praia de Jurerê Internacional (SC), com show de sertanejo famoso foi paga com recursos públicos da Lei Rouanet, segundo aponta investigação da Polícia Federal. 

O casamento de Felipe Amorim e Caroline Monteiro, apurado na operação Boca Livre, deflagrada nesta terça (28), aconteceu à beira-mar em 22 de abril no 300 Cosmo Beach Club, que, na internet, é descrito como uma "balada chique em ambiente contemporâneo com cozinha fina". O local cobra em média R$ 300 por convidado no aluguel para festas. 

A atração musical foi o sertanejo Leo Rodriguez, que interpreta hits como "Bara Bará Bere Berê", "Vai No Cavalinho" e "Gordinho da Saveiro". Ele cobra entre R$ 50 mil e R$ 70 mil para cantar nesse tipo de evento. O empresário do músico afirmou que não tinha conhecimento sobre a forma como a festa foi financiada, e que o contrato foi firmado como em qualquer outro evento. 

Imagens publicadas por convidados em redes sociais mostram comemorações que antecederam a festa e as preparações dos noivos e padrinhos para o matrimônio. 

De acordo com a investigação da PF, o casal, que mora em São Paulo, tem parentesco com Antonio Carlos Bellini Amorim, detido nesta terça na operação, que investiga desvio de R$ 180 milhões de recursos federais em projetos culturais aprovados junto ao Ministério da Cultura com benefícios de isenção fiscal, previstos na Rouanet. 

Um vídeo do casamento foi anexado ao inquérito. "Achamos que tivessem sido contratados modelos para fazer o vídeo, mas não, eram os convidados tomando champanhe", disse o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em coletiva de imprensa. A polícia não detalhou como o recurso da Rouanet foi usado para pagar a festa. 

A investigação sobre fraudes na lei de incentivo à cultura foi instaurada em 2014, depois que a PF recebeu documentação da Controladoria Geral da União de desvio de recursos relacionados a projetos aprovados com o benefício fiscal. 

Policiais federais e servidores da Controladoria Geral da União cumprem 14 mandados de prisão temporária e 37 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Eles foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal em São Paulo. 

Segundo a PF, "há indícios de que os desvios ocorriam de diversas maneiras, como a inexecução de projetos, superfaturamento, apresentação de notas fiscais relativas a serviços/produtos fictícios, projetos simulados e duplicados, além da promoção de contrapartidas ilícitas às incentivadoras". 

A investigação aponta que eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas privadas para grandes empresas, livros institucionais, além do casamento, foram custeados com recursos públicos.

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