Gustavo Aguiar - O Estado de S.Paulo
04 Julho 2016 | 13h 09 - Atualizado: 04 Julho 2016 | 13h 09
Procedimento foi autorizado com base em delação premiada mantida em segredo na Corte; revelaçõs apontam pagamento para que o presidente interino da Câmara atuasse em esquema de fraude nos regimes de previdência de servidores públicos municipais
BRASÍLIA - O presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), terá o sigilo bancário quebrado para investigar os "fortes indícios" de que ele recebeu propina para atuar em prol dos negócios fraudulentos do doleiro Fayed Traboulsi, que comandava um esquema de corrupção paralelo à rede criada por Alberto Youssef no escândalo investigado pela Lava Jato.
A delação aponta que Maranhão foi pago para atuar em diversas
prefeituras para interceder em favor de um esquema de fraude em
investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos
municipais supostamente concebido por Fayed, cujo objetivo era vender
títulos podres a fundos de pensão e teria desviado mais de R$ 50
milhões.
Segundo a Procuradoria-Geral da União (PGR), um uma das provas
em poder dos investgadores, Maranhão aparece intermediando um negócio
de R$ 6 milhões com uma prefeitura do interior maranhense. As
investigações apontam que, nesta operação, o agora presidente interino
da Câmara teria recebido 1% do valor negociado, ou seja, R$ 60 mil.
Ao autorizar a quebra do sigilo do deputado, Marco Aurélio
atende a um pedido da PGR que argumenta que a medida é a "única forma de
comprovar o alegado repasse de recursos durante o período investigado".
O ministro negou, no entanto, a medida contra as contas da mulher do
parlamentar, Elizabeth Cardoso.
"A cônjuge do indiciado não é investigada, não tendo o
Ministério Público apresentado justificativa para a quebra do sigilo dos
respectivos dados bancários, mesmo porque não foi mencionada nas
declarações do colaborador", explica Marco Aurélio.
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