Karime Xavier - 26.abr.2011/Folhapress | |
Klaus Schwab, Presidente do Fórum Econômico Mundial |
30/07/2016 02h00
Criador do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o economista Klaus Schwab,
78, debruçou-se durante um ano em estudos sobre os impactos das
profundas transformações tecnológicas do nosso tempo para escrever o
livro "A Quarta Revolução Industrial" (ed. Edipro, 159 págs. R$ 49), que
chegou às livrarias do Brasil neste mês.
"As mudanças históricas que estamos vivenciando não têm precedentes em
termos de tamanho, velocidade e escopo", diz Schwab, ao traçar um
panorama sobre tecnologias emergentes, como robótica avançada e veículos
autônomos, e negócios disruptores, como Uber e Airbnb.
Para ele, os governos não estão para lidar com tantos desafios. "Os
governantes estão concentrados em suas crises e em resolver os problemas
de ontem."
*
Folha - O que faz o senhor crer que vivemos uma nova revolução industrial?
Klaus Schwab - Temos que ver esta quarta revolução em um contexto
histórico. A primeira foi desencadeada pelo invenção da máquina a vapor
e pelas ferrovias, e a segunda, pelo advento da eletricidade. Já
terceira começou com os computadores e a internet. Agora, temos a
quarta, que não é apenas a continuação da anterior. As mudanças
históricas que estamos vivenciando não têm precedentes em termos de
tamanho, velocidade e escopo.
Que tecnologias o senhor destaca entre aquelas que melhor definem essa nova era?
Descrevo no livro umas 20 tecnologias que simbolizam avanços
inimagináveis. São veículos autônomos e robôs com inteligência
artificial, máquinas que podem sentir e pensar. Temos impressão 3D,
novos materiais, edição genética e novos modelos de produção e
distribuição.
Como as tecnologias emergentes estão transformando o ambiente social, econômico e cultural do nosso tempo?
Esta quarta revolução industrial não está apenas transformando
profundamente a maneira como nós fazemos as coisas. Ela transforma o
modo como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos e também o que somos.
Estamos desenvolvendo, por exemplo, uma nova identidade física,
biológica.
Que impactos positivos e negativos já podem ser medidos?
Se por um lado as tecnologias emergentes e as empresas inovadoras
oferecem novos serviços e produtos que melhoram a vida de muitos, por
outro, resultam em desemprego e aumento da desigualdade. Mas precisamos
olhar para as novas formas de comunicação, produção e distribuição. Eu
acredito que a quarta revolução poderá levar a humanidade a um estágio
nunca visto antes e criar uma nova renascença.
Governo, sociedade e empresas estão preparados para lidar com esses desafios?
São poucos os governos que entendem o que está acontecendo no mundo.
Eles estão mais concentrados em suas crises de governança e em resolver
os problemas de ontem. Os governos praticamente não têm tempo de olhar
para a frente, de desenhar o futuro de maneira proativa. É preciso
entender todas as questões colocadas pelo progresso tecnológico, o que
ainda é bem mais difícil em razão da rapidez com que as mudanças têm
acontecido. Esse é o desafio dos governos, que nunca foram tão
necessários. Eles precisam deixar que as inovações floresçam, mas também
atuar para minimizar os riscos.
Qual é o impacto de empresas como Airbnb, Uber, Alibaba na vida e nos negócios?
Organizações como Airbnb e Uber estão provendo oportunidades e
transparência. Clientes e consumidores podem ser servidos de forma mais
individualizada. Vejo que estão mais satisfeitos, pois têm mais
escolhas. Podem ter acesso ao consumo de maneira mais barata. É uma
mudança no padrão de consumo, em direção a uma economia compartilhada,
na qual não devemos ser donos.
-
RAIO-X KLAUS SCHWAB
Formação
Mestre em administração pública por Harvard e doutor em economia pela Universidade de Friburgo
Mestre em administração pública por Harvard e doutor em economia pela Universidade de Friburgo
Atuação
Presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, fundado por ele em 1971
Presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, fundado por ele em 1971
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POLÍTICA E ECONOMIA