quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Com a presença de Janot, fórum de Davos 'abraça' a Lava Jato



O procurador-geral, Rodrigo Janot, durante o fórum
O procurador-geral, Rodrigo Janot, durante o fórum

O Fórum de Davos abraçou a Operação Lava Jato, por mais que tenha sido a responsável pela prisão de alguns empresários de grosso calibre, entre eles Marcelo Odebrecht, indicado "jovem líder global" pelo Fórum Econômico Mundial, que organiza todo janeiro esse grande convescote de personalidades. 
O abraço foi tão apertado que o chanceler paraguaio Eladio Loizaga fez questão de puxar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para uma "selfie" com seu chefe, o presidente Horácio Cartes.
Pouco antes, Cartes qualificara de "histórica" a Lava Jato, em um debate sobre o futuro da América Latina em que Janot nem sequer estava inscrito para falar. 


Mas foi convidado a fazê-lo certamente porque "antigamente, sabíamos os nomes dos generais, hoje sabemos os nomes de juízes e procuradores", como festejou Rebeca Grynspan, responsável pela Secretaria Geral Iberoamericana. 


O abraço continuou até depois da sessão: mal se levantou para sair, Janot foi cercado por um empresário mexicano que não apenas o cumprimentou como pediu conselhos sobre como proceder no caso de seu país –tradicionalmente foco de denúncias de corrupção. 


Janot foi chamado a falar pelo moderador, o acadêmico venezuelano radicado nos EUA Ricardo Hausmann (Kennedy School of Government), para quem a Lava Jato é algo que "não imaginávamos antes" e que pode servir de exemplo para "combater a corrupção no resto da região". 



Janot agradeceu e atribuiu o sucesso da operação até agora à "independência do sistema judicial do Brasil, seja do Ministério Público, seja dos juízes". 


Na véspera, em conversa com a Folha, o procurador-geral havia dito que nunca havia sofrido pressões do Executivo, nem no governo anterior nem no atual. Mas frisou que só falava do Executivo, não do Legislativo. 


Janot citou dois pontos principais para os resultados obtidos: a independência institucional do Ministério Público [um dos principais produtos da muito criticada Constituição de 1988] e a cooperação com seus congêneres latino-americanos. 


Citou em especial a do Paraguai, talvez como gentileza pela presença na sala do presidente Cartes.

Cartes, ao ser eleito, foi acusado de ser o principal responsável pelo contrabando de cigarros falsificados para o Brasil. Mas o ruído amenizou bastante depois da posse e nos anos mais recentes.


Janot louvou também a cooperação do Ministério Público suíço, graças à qual foi possível "localizar valores ocultos na Suíça". 


Moisés Naím, outro acadêmico venezuelano radicado nos Estados Unidos (Centro Carnegie para a Paz Internacional) e ex-colunista da Folha, elogiou, por sua vez, o fato de a Lava Jato ter "tocado os mais poderosos na sociedade, o que está sendo feito institucionalmente". 


Emendou o presidente Cartes: "O que está acontecendo no Brasil com o Ministério Público é um exemplo para o mundo". 

"Sí, se puede", gritou, como torcedor, o mexicano Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o clubão das 34 economias mais relevantes do mundo, da qual o Brasil só não é parte porque não quer.


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