O presidente Michel Temer durante Seminário de Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, em Brasília |
O presidente Michel Temer criticou nesta terça-feira (8) o movimento de ocupações de escolas públicas contra a reforma do ensino médio, que prevê a flexibilização dessa etapa.
Em discurso a uma plateia de empresários e executivos, o peemedebista
afirmou que as pessoas precisam aprender a respeitar as instituições e
que, ao ocupar prédios públicos, utilizam o argumento físico em vez do
intelectual ou verbal. Com a ocupação em escolas e universidades, o Inep adiou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 271 mil candidatos para os dias 3 e 4 de dezembro.
"Nós precisamos aprender no país a respeitar as instituições, e o que
menos se faz hoje é respeitar as instituições. Isso cria problemas e o
direito existe exatamente para regular as relações sociais. Hoje, ao
invés do argumento intelectual e verbal, usa-se o argumento físico. Vai e
ocupa não sei o quê e bota pneu velho em estrada para impedir
trânsito", disse.
O peemedebista ainda ironizou o desconhecimento sobre a proposta que estabelece o congelamento de despesas do governo por 20 anos.
"[Pergunto] você sabe o que é uma PEC [Proposta de Emenda
Constitucional]? É uma Proposta de Ensino Comercial. As pessoas não leem
o texto. Não estou dizendo os que ocupam ou não ocupam, estou dizendo
em geral. As pessoas debatem sem discutir ou ler o texto", disse.
Segundo o peemedebista, a reformulação no ensino médio é discutida há
bastante tempo e não tem como objetivo prejudicar os alunos de ensino
público. Para ele, não é possível que um estudante, por exemplo, não
saiba falar corretamente o português ou regras básicas da matemática. "O
que a medida provisória do governo federal faz é agilizar o debate
relativo ao ensino médio no país", disse.
O presidente participou nesta terça-feira (8) do seminário
Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, promovido pelo jornal "Valor
Econômico" e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado preocupação com o
clima de animosidade no país, sobretudo contra o governo federal. Nas
palavras de um assessor presidencial, os protestos vinham perdendo força
desde o desfecho do processo de impeachment, mas voltaram a ganhar fôlego com o movimento de ocupação de escolas e universidades.
No mês passado, o presidente ironizou também uma manifestação realizada em frente ao Palácio do Planalto
contra a flexibilização de direitos trabalhistas. Em discurso a uma
plateia de empresários e comerciantes, o peemedebista afirmou que
aqueles que protestavam com vuvuzelas "aplaudem este grande momento do
governo federal" e sugeriu que fossem oferecidos empregos aos
manifestantes que estivessem desempregados.
OCUPAÇÕES EM SÃO PAULO
As declarações do presidente Michel Temer sobre as ocupações de escolas
pelo país ocorrem na semana que marca um ano do início da ocupação de
colégios públicos em São Paulo. Há um ano, os estudantes da rede
estadual ocuparam suas escolas em protesto contra a decisão do governo
Geraldo Alckmin (PSDB) de dividir parte dos colégios estaduais por
ciclos únicos de ensino (anos iniciais e finais do fundamental e o
médio).
Esse plano previa para 2016 o fechamento de 93 escolas e o remanejamento
de 311 mil alunos -a rede estadual tem 5.147 escolas e atende a 3,8
milhões de alunos. Ao todo, 754 escolas atenderiam só um ciclo de ensino
no Estado.
No total, 196 escolas no Estado foram ocupadas. O desgaste ao governo
estadual levou ao recuo da proposta. O secretário de educação, que havia
encabeçado o projeto de reforma, acabou caindo. As ocupações duraram
quase dois meses.
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