Pedro Ladeira - 9.mar.16/Folhapress
Os ministros do STF Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes durante sessão plenária em março |
A votação de um recurso extraordinário sobre incidência ou não de
contribuição previdenciária sobre adicionais e gratificações
temporárias, como terço de férias, adicional noturno e adicional de
insalubridade, terminou com bate-boca entre os ministros Gilmar Mendes e
Ricardo Lewandowski nesta quarta (16) no STF (Supremo Tribunal
Federal).
A discussão começou quando Lewandowski chamou de "coisa mais heterodoxa"
a posição de Gilmar de pedir vista após ter proferido seu voto.
Gilmar rebateu a provocação, dizendo que é Lewandowski quem adota posições "heterodoxas", como teria feito no Senado —alusão ao julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto.
"Basta ver o que vossa excelência fez no Senado", disse Gilmar.
"Basta
ver o que vossa excelência faz diariamente nos jornais", respondeu
Lewandowski.
"Faço, inclusive, para reparar os absurdos que vossa excelência faz", replicou Gilmar.
"Absurdo, não, vossa excelência retire o que disse, vossa excelência
está faltando com decoro não é de hoje. Eu repilo, repilo qualquer...
Vossa excelência, por favor, me esqueça", disse Lewandowski. "Não
retiro", concluiu Gilmar.
Com o clima tenso, a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia,
interrompeu a discussão e suspendeu o julgamento do recurso em razão do
pedido de vista de Gilmar. Anteriormente, a ministra havia explicado
que, enquanto não for proclamado o resultado do julgamento, é permitido
pedir vista.
O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu a tese de que
não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos
proventos de aposentadoria do servidor público.
Lewandowski votou acompanhando o voto do relator.
Gilmar acompanhou a
divergência, aberta por Teori Zavascki, que considerou que a
Constituição autoriza a cobrança de contribuição previdenciária sobre
todas as parcelas da remuneração dos servidores.
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