terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Mulher de Cabral é presa, e ex-governador e mais 12 se tornam réus


Ricardo Moraes- 17.nov.2016/Reuters
Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, chega à sede da Polícia Federal para dar testemunho, nesta quinta
Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, na sede da PF

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, determinou a prisão preventiva da advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sergio Cabral (PMDB-RJ), preso pela Operação Calicute.
O magistrado atendeu a pedido do Ministério Público Federal, que entendeu haver provas de que a ex-primeira-dama recebeu propinas de Cabral por meio de seu escritório de advocacia. Ela também teria lavado dinheiro por meio da compra de R$ 6,5 milhões em joias entre 2007 e 2016. 
Em outra decisão, o magistrado aceitou a denúncia contra o casal e outras 11 pessoas sob suspeita de envolvimento na cobrança de propina. 
Na ação, os procuradores da força-tarefa denunciam o grupo pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa nas obras para a urbanização em Manguinhos (PAC Favelas), construção do Arco Metropolitano e reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014. 
ADRIANA ANCELMO
Adriana Ancelmo se entregou à Justiça por volta das 17h desta terça. Chegou ao prédio da Justiça Federal, na zona portuária do Rio, acompanhada de advogados e depois será encaminhada para a Polícia Federal. 
Quando a operação foi deflagrada, em novembro, Bretas havia negado o pedido de prisão de Ancelmo. O magistrado afirma que o cenário apresentado pela procuradoria se modificou. 
A decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal. 
"Ocorre que, segundo o órgão ministerial, o aprofundamento das investigações revelou que Adriana Ancelmo, na verdade, ocuparia posição central na organização criminosa capitaneada por seu marido", justificou o juiz, na decisão desta terça (6). 
Segundo a Procuradoria, ela seria uma das principais responsáveis por ocultar recursos recebidos indevidamente por Cabral, usando seu escritório de advocacia e "verdadeira fortuna em joias de altíssimo valor". 
O magistrado levanta também suspeita de ocultação de joias adquiridas com recursos de propina. No dia 17, data da deflagração da Operação Calicute, foram apreendidas 40 joias. As investigações indicaram que Cabral e Ancelmo adquiriram 189 joias desde o ano 2000. 
"Tal constatação, como afirma o MPF, permite a conclusão de que a investigada Adriana Ancelmo permanece ocultando tais valiosos ativos, criminosamente adquiridos, eis que ainda não apreendidos pela Polícia Federal no cumprimento da ordem cautelar emanada deste Juízo, demonstrando a necessidade de renovação da medida cautelar anteriormente deferida." 
A advogada também não esclareceu, segundo o magistrado, depósitos milionários feitos por empresas sob investigação para o escritório. Funcionários indicaram em depoimento não reconhecer essas companhias como clientes da banca de advocacia. 
Reforçaram as acusações contra Ancelmo depoimentos que indicaram que Luiz Carlos Bezerra, acusado de operar a propina, frequentava seu escritório e repassava dinheiro vivo para a advogada. 
Em sua decisão, o magistrado afirma que decidiu pela prisão mesmo com "eventuais dificuldades que se apresentarem em relação à guarda de filhos menores da representada". Ele pondera com ironia questão. 
"A expectativa é de que a medida cautelar extrema dure pelo menor tempo possível, equiparável talvez a uma confortável viagem à Europa que Adriana Ancelmo viesse a fazer, sem seus filhos, na companhia de amigos e colaboradores", diz a decisão. 
O casal tem um filho de 10 e outro de 14 anos. 
"Em complemento ao que acima foi dito, percebo ainda que a referida norma processual penal tem como razão de existência uma situação social bem diversa do presente caso, como na imensa maioria dos processos criminais que tramitam pelos tribunais nacionais, em que mulheres presas não têm condições financeiras de cuidar dos filhos menores de 12 anos e igualmente não dispõem de parentes próximos que as possam acudir nessa situação adversa. Não é este o caso de Adriana Ancelmo", complementa o magistrado. 
Além da prisão preventiva, o juiz autorizou busca e apreensão na casa de Ancelmo, para o recolhimento de documentos, mídias e outras provas, assim como joias, pedras preciosas, objetos de arte e valores em espécie acima de R$ 30 mil ou US$ 10 mil.
Preso desde o dia 17 de novembro, Cabral e outros 15 investigados pela Operação Calicute foram denunciados na semana passada à Justiça pelos crimes de corrupção passiva e ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros. 
Cabral e sua mulher negam envolvimento em irregularidades.

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