Raul Spinassé - 12.out.2014/Folhapress
Jaques Wagner, ex-ministro da Casa Civil na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff |
O ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) confirmou nesta
segunda-feira (12) em entrevista à rádio "Metrópole" que ganhou um
relógio de presente da Odebrecht em seu aniversário quando era
governador da Bahia.
O presente foi citado na proposta de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
O presente foi citado na proposta de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
Na delação, o executivo afirmou que Wagner, que era chamado pelo
codinome "Polo", tomou decisões em favor da Odebrecht em seu governo
como contrapartida para doações da empresa para campanhas petistas na
Bahia.
O petista classificou como "cretinice" o fato de Claudio Melo Filho
citar o relógio dado de presente em sua proposta de delação premiada. O
valor estimado do relógio é US$ 20 mil.
"Eu achei uma cretinice dele. Se eu fiz meu aniversario ele me deu de
presente uma garrafa de vinho, uma gravata, um relógio ou uma cesta de
natal, eu não vou ficar perguntando ao cara quanto custou", afirmou.
Wagner ainda disse não ter usado o presente dados pelos empresários:
"Para dizer a verdade, eu guardei e nunca usei, eu uso outro tipo de
relógio".
E afirmou que o presente recebido foi pessoal e "não tem nada a ver" com a vida política dele.
"Se era para me comprar, deram com os burros n'água", disse Wagner,
destacando situações que agiu contra os interesses da Odebrecht enquanto
foi governador.
Ele citou a renegociação do contrato para construção de um emissário
submarino, firmado pela Odebrecht com o governo no fim da gestão Paulo
Souto (DEM) em 2006, que ele renegociou reduzindo o valor em 15%.
Também falou sobre a licitação para a construção do metrô de Salvador,
que a Odebrecht acabou não participando por achar pouco atrativo o
formato e os valores previstos na parceria público-privada.
SEM CONTRAPARTIDA
Jaques Wagner afirmou ainda que agiu de acordo com os interesses da
Bahia ao adotar medidas como a redução da alíquota do ICMS da nafta, que
beneficiou diretamente a Braskem, braço petroquímico da Odebrecht.
"Fiz um programa reduzindo o ICMS que garantiu que novas empresas
viessem para cá. O resultado é que o Polo [de Camaçari] se revigorou",
afirmou.
O petista também negou que as doações de recursos campanha feitas pela
Odebrecht seriam uma contrapartida a medidas adotadas pelo governo.
"Evidentemente, a Braskem se beneficiou [da redução do ICMS]. Se por
conta disso lá, depois, eles resolveram dar uma ajuda de campanha, isso é
problema deles", afirmou.
Wagner ainda disse que "não era bem visto" pela Odebrecht. E afirmou
que, antes da campanha de 2006, foi procurado por Emílio e Marcelo
Odebrecht para que retirasse sua candidatura ao governo da Bahia.
"Estou à vontade porque, em oito anos de governo, tive uma relação transparente com todos os empresários", disse.
FOLHA
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