Vai que cola A cúpula do Planalto e dirigentes dos
principais partidos aliados decidiram “enfrentar” o Ministério Público
Federal com o intuito de blindar o governo e sua base no Legislativo
contra as delações da Odebrecht. Para tentar corroer parte do apoio
popular à Lava Jato, a orientação é dizer que os procuradores jogam
contra a recuperação do país. A tarefa parece inglória diante do
baixíssimo capital político do Congresso e do próprio governo para fazer
ofensivas do gênero contra a operação.
Desenvoltura A declaração de Renan Calheiros de que o
Ministério Público faz denúncia “nas coxas” não é, portanto, um ato
isolado. Há quem defenda, porém, que governistas partam para cima de
forma mais sub-reptícia.
Com a caneta Palacianos dizem que, se isso não
resolver, podem buscar “outras maneiras de enfrentar a crise”. Lembram
que depende do presidente vetar ou sancionar medidas contra o Judiciário
e o Ministério Público.
Pegadinha O pedido de anulação da delação de Cláudio
Melo Filho — que atinge a cúpula do PMDB — sugerido por Michel Temer em
carta ao procurador-geral Rodrigo Janot é só o primeiro passo no
sentido de anular a Lava Jato, dizem investigadores.
Extrema-unção Como houve vazamentos de importantes
colaborações premiadas até aqui, uma decisão assim abriria precedentes
para inviabilizar a operação toda.
Freios e contrapesos Um ou outro ministro do Supremo
Tribunal Federal pode até admitir a discussão da nulidade, mas a
maioria dos integrantes da corte não parece disposta a adotar posição
nesse sentido. Magistrados experientes afirmam que não há clima para
decisão assim.
Claraboia Na mesma semana em que aprova o teto de
gastos, o Planalto deve liberar reajustes de carreiras públicas. Eis
algumas: auditor da Receita, auditor do Trabalho, analista de
infraestrutura e oficial de chancelaria. Os aumentos podem vir por meio
de medida provisória.
E nós Temer fechou acordo para aumentar o salário dos defensores públicos — espera-se reajuste acima de 30%.
Marchem O setor privado começou a levar queixas ao Planalto sobre a demora do BNDES em apresentar alternativas para superar a crise.
Na cabeça Depois de atrair o apoio de Daniel Coelho
(PE), da ala jovem do PSDB, e de tucanos veteranos, o deputado paulista
Ricardo Tripoli é tido como favorito para ser eleito líder do partido na
Câmara nesta quarta (14).
Na cara da sociedade O prefeito Fernando Haddad
pagou nesta terça (13) o 13º dos servidores municipais e vai antecipar
de 28 para 20 o salário de dezembro. “Queremos mostrar que dá para
atravessar a crise e ajudar a economia a se recuperar”, disse.
Impedimento O Ministério Público de SP pede que a Justiça Eleitoral proíba o vereador Camilo Cristófaro (PSB) de ser diplomado.
Deu ruim A Promotoria identificou irregularidade em
doação de R$ 6.000. A doadora é uma mulher de 84 anos que está na fila
por moradia e não tem renda suficiente. A suspeita é que ela tenha sido
usada como laranja.
Do além Procurado, Cristófaro afirmou que “deveriam
investigar quem doou, não quem recebeu”, e que “forças terríveis” têm
atuado para impedi-lo de exercer seu mandato na Câmara paulistana.
Não deu A Justiça manteve nesta terça (13) o pedido
de prisão de Rogério Lins, prefeito eleito de Osasco, considerado
foragido pela polícia.
No, thanks Bruno Covas, que renunciará ao cargo de
deputado para assumir a vice-prefeitura de SP, entregou seu passaporte
diplomático ao chanceler José Serra. O tucano disse não ver mais
justificativa para usá-lo.
TIROTEIO
Quando Michel Temer sugere anular a delação da Odebrecht, praticamente admite que o que está lá é verdade.
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT), sobre o requerimento enviado pelo
presidente a Rodrigo Janot sugerindo que o vazamento da delação pode
anular o depoimento.
CONTRAPONTO
Hoje é um novo dia de um novo tempo…
Em maio, logo que assumiu o Ministério da Justiça, Alexandre de
Moraes disse em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, que o
então presidente interino Michel Temer daria “apoio total” à Lava Jato,
mesmo que as investigações atingissem integrantes do novo governo.
— Não há a mínima possibilidade de qualquer tipo de interferência. A
lei deve ser aplicada igual para todos, sem nome, sem filiação e sem
partido.
O ministro defendeu ainda as delações premiadas, hoje em parte questionadas pelo Planalto.
— É um instrumento de efetividade para a Justiça criminal. É um instrumento de prova importantíssimo.
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