quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Toda a cúpula do Palácio dos dois governos petistas estão envolvidos na Lava-jato



À medida em que vai sendo revelado pela Operação Lava Jato o esquema de financiamento do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, com a prisão de dois dos ministros da Fazenda de raiz do petismo, Guido Mantega e Antonio Palloci – Joaquim Levy foi um equivocado estranho no ninho que, para sua própria felicidade, não passará de um pé de página na história desse período -, vai chegando também ao limite mais baixo a sua capacidade de atuação eleitoral, o que vem sendo explicitado pelas pesquisas de opinião para as eleições municipais, cujo primeiro turno se realiza no próximo domingo.


No Rio, a candidata do PC do B Jandira Feghalli, que tinha a aspiração de ser o voto útil da esquerda, parece ter tomado uma decisão equivocada ao chamar para seu palanque a ex-presidente Dilma e, subsidiariamente, o ex-presidente Lula. Sua ascensão foi subitamente estancada com esse movimento, dando passagem a uma possível união do centro-direita em torno do candidato oficial Pedro Paulo.

A ligeira subida deste também revela um provável erro de estratégia de sua campanha, que tirou de cena o prefeito Eduardo Paes, por conta de algumas gafes e polêmicas provocadas por declarações infelizes, mas não levou em conta que sua administração tem uma avaliação de bom e ótimo que pode compensar as deficiências do candidato oficial, ainda vulnerável à acusação de ter surrado sua ex-mulher mesmo depois de absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.

Em São Paulo, o petismo atinge até mesmo quem fugiu dele, como a ex-prefeita Marta Suplicy, que teve uma queda constatada nessa recente pesquisa do Ibope quando parecia que superaria Celso Russomano para disputar o segundo turno contra João Dória, o candidato tucano do governador Geraldo Alckmin. O prefeito petista Fernando Haddad, que recebeu o suposto reforço do ex-presidente Lula nos últimos dias de campanha, não demonstra fôlego para ir ao segundo turno.

Em comum nos dois principais estados do país há o fato de que candidatos da Igreja Universal estão bem colocados para a disputa do segundo turno, o que representa um perigoso e indesejável envolvimento de uma seita religiosa com um projeto de poder político.

Justamente porque seu projeto político de poder permanente está sendo desvendado pela Operação Lava Jato, o PT se defronta com uma previsível debacle nessas eleições municipais.

A prisão de Antonio Palloci tem uma gravidade política muito maior que a de Guido Mantega na semana passada, mas as duas em sequência denotam que o esquema de financiamento político para a permanência no poder tinha um método, a ponto de Palloci ter sucedido a Celso Daniel, que seria o homem forte da candidatura Lula em 2002 não tivesse sido assassinado, e Mantega sucedeu a Palloci na continuação da montagem do esquema de financiamento político.

Não é à toa, portanto, que o caso Celso Daniel voltou à tona durante a Operação Lava Jato, já que está ligado a um empréstimo fraudulento do Banco Sachin para o pagamento de uma chantagem a que Lula e outros dirigentes do partido estavam sendo submetidos.

A família de Celso Daniel afirma que o ex-prefeito de Santo André foi morto porque descobriu o que depois ficou claro nas investigações do petrolão: o esquema de corrupção montado para viabilizar a chegada ao governo central, desde quando o PT chegou ao poder em alguns municípios, estava sendo desvirtuado para o enriquecimento de alguns “companheiros”.

Por essa teoria, Celso Daniel considerava que a causa final justificava os desvios, mas não aceitava o enriquecimento pessoal, que acabou sendo revelado em relação aos dirigentes petistas originais, como José Dirceu e o próprio Palloci, que foi prefeito de Ribeirão Preto.

O envolvimento no esquema de corrupção de três tesoureiros do partido e mais dois ministros da Fazenda e dois chefes do Gabinete Civil mostra bem como a escala de liderança do PT passava pelos mesmos postos, sem nenhuma improvisação.

Tanto que a ex-presidente Dilma assumiu o comando, e a sucessão de Lula, ao chegar ao Gabinete Civil e à presidência do Conselho de Administração da Petrobras, fonte de investigações sobre desvios de dinheiro que atingem igualmente Palloci e Mantega e se aproximam de Dilma.

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