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Danilo Verpa - 26.set.2016/Folhapress
Veículo chega à sede da PF em Saã Paulo, para onde Antonio Palocci seguiu preso pela Lava Jato |
Apesar de esperada há muito tempo, a prisão do ex-ministro Antonio Palocci acende de vez o sinal vermelho na cúpula petista por ser mais um passo da Lava Jato na busca de identificar as ligações financeiras entre o Palácio do Planalto dos governos Lula e Dilma e o esquema de corrupção que teria sido montado pelo PT.
Dentro do Partido dos Trabalhadores, a avaliação é que as últimas
operações da Lava Jato, mandando prender dois ex-ministros da Fazenda
petistas, Guido Mantega e Antonio Palocci, indicam claramente que os
investigadores têm como meta final incriminar os ex-presidentes Lula e
Dilma Rousseff.
Além disto, petistas receberam informações de bastidores apontando que a
Lava Jato já tem na mira outros assessores que trabalharam em posições
estratégicas dentro dos governos do PT.
Em outras palavras, o cerco da Lava Jato entrou em nova fase. Antes da
cassação de Dilma Rousseff, as operações focavam as relações de
políticos e dirigentes petistas com os esquemas de corrupção que teriam
sido montados na Petrobras e no setor elétrico.
Depois do impeachment da ex-presidente, o PT nutriu a expectativa de que
o foco da Lava Jato seria o PMDB de Michel Temer, o que gerou certo
alívio no partido. Principalmente depois da delação do ex-presidente da
Transpetro Sergio Machado, que derrubou três ministros do governo do
peemedebista.
Só que, logo depois de uma parada estratégica da Lava Jato, durante o
período dos jogos olímpicos, os investigadores colocaram em andamento
outras fases das operações mirando o centro do poder durante os governos
Lula e Dilma Rousseff.
O novo foco dos investigadores chega ainda na reta final das campanhas
municipais, nas quais os candidatos petistas estão em situação delicada.
O principal exemplo está em São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad,
criação de Lula, não deve chegar nem ao segundo turno.
O PT acusa a Lava Jato de calibrar as operações para fragilizar ainda
mais o partido neste período eleitoral, mas sabe que a nova safra de
delações, tendo à frente a Odebrecht, dá munição aos investigadores para
mergulhar ainda mais fundo em suas investigações.
Sem falar na surpresa da semana passada, quando um depoimento do
empresário Eike Batista serviu como base para a operação que teve como
alvo Guido Mantega, o ministro da Fazenda mais longevo do país, tendo
servido tanto aos ex-presidentes Lula como Dilma Rousseff.
Agora, Mantega e também Palocci entram no centro das investigações, dois
homens da total confiança de Lula. Principalmente o segundo, que foi o
fiador do primeiro mandato do petista junto ao empresariado. Era ele
quem fazia a ponte entre Lula e os pesos-pesados da economia.
Palocci foi o idealizador da Carta ao Povo Brasileiro, que deu segurança
ao PIB brasileiro para apoiar o governo Lula logo no seu início, em
2003. Participou tanto da primeira campanha como da segunda, nesta mais
nos bastidores, do ex-presidente.
Era ele quem fazia também as primeiras conversas com o empresariado na
busca de doações de campanha, que depois eram acertadas entre as
empresas e os tesoureiros oficiais das campanhas de Lula. Desempenhou o
mesmo papel, logo em seguida, na primeira campanha presidencial de Dilma
Rousseff.
Foi colocado na coordenação da campanha dilmista na condição de homem de
Lula. Virou ministro da Casa Civil por indicação dele. Caiu cinco meses
depois por causa de consultorias prestadas a empresas, inclusive
durante a campanha eleitoral que elegeu Dilma pela primeira vez
presidente da República.
Agora, suas ações durante e depois das administrações petistas viram a
maior preocupação do PT, Lula e Dilma. A conferir os próximos passos.
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