lava jato
Reprodução-27.set.2013/Instagram/Palaciodoplanalto | ||
Jefferson Monteiro, criador do perfil Dilma Bolada, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff |
Delatora da Operação Lava Jato,
Mônica Moura disse que pagou R$ 200 mil com dinheiro de caixa 2 ao
publicitário Jefferson Monteiro, criador da personagem "Dilma Bolada", a
pedido da ex-presidente Dilma Rousseff.
Moura afirmou que durante a campanha de 2014 recebeu a orientação para
que pagasse Monteiro para ele reativar a página no Facebook e fazer
postagens favoráveis ao governo federal.
De acordo com Moura, mais de 1,4 milhão de pessoas seguiam a "Dilma
Bolada", o que era uma vitrine na campanha. Porém, no dia 23 de julho,
no meio da campanha à reeleição, Monteiro retirou a página do ar,
relatou. Isso deixou Dilma "furiosa", segundo a colaboradora.
Ela contou ter sido procurada pelo então ministro Edinho Silva (PT), atual prefeito de Araraquara (SP).
Segundo Moura, Edinho lhe disse que esse tema "teria que ser
imediatamente resolvido pela Polis" – a agência que ela tem como o
marido, João Santana –, "pois eles não tinham outro meio de sanar o
problema com a urgência necessária".
A publicitária afirmou que ligou para Monteiro e combinou que um
funcionário "o procuraria para resolver o assunto". O dinheiro foi
entregue em espécie no dia 29 de julho, narrou a colaboradora.
"Na ocasião, Mônica comentou com Edinho que estava fazendo isso como um
ato de boa vontade pois o contrato da Polis não previa este tipo de
responsabilidade", informa documento que consta da colaboração premiada
de Moura.
A delação foi homologada no dia 4 de abril pelo ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), e se tornou
pública nesta quinta (11).
Moura também contou que arcou com os custos de camareira e cabelereira
de Dilma mesmo depois do fim da campanha presidencial de 2010.
Ela afirmou ter combinado com Anderson Dornelles, assessor de Dilma,
pagar R$ 4 mil por mês durante um ano, em espécie, "para esta
cabeleireira particular como forma de favor".
Segundo ela, outro hábito pessoal de Dilma foi financiado pelos marqueteiros: o trabalho do cabelereiro Celso Kamura.
Depois da campanha de 2010, quando já tinha sido eleita, Dilma queria
manter os serviços para ocasiões importantes, informou a marqueteira. No
entanto, o Palácio do Planalto "não poderia arcar com valor tão alto
para o cabeleireiro, não tinha rubrica e nem tempo para superar a
burocracia", disse.
Assim, Dornelles procurou Moura e pediu que ela fizesse mais esse favor, afirmou a delatora.
"Mônica Moura então pagou o cabeleireiro diversas vezes, durante os anos
de 2010 a 2014, de várias formas: na maioria das vezes em dinheiro
entregue em espécie no escritório do cabelereiro em SP, por um
funcionário, utilizando os valores recebidos por fora; em outras vezes
reembolsava a assessora da presidente, Marly, através de depósitos
bancários", informa o documento.
Os custos estimados com Kamura são de R$ 50 mil; cada diária do
cabelereiro, incluindo deslocamento, cabelo e maquiagem no Palácio da
Alvorada custava em torno de R$1.500, conforme consta no material do
Supremo.
"Esses favores eram prestados por se tratar de uma cortesia a uma
cliente importante para João Santana e Mônica Moura. Dilma Rousseff,
além de presidente, já havia feito com eles a campanha de 2010 e existia
a possibilidade de virem a fazer a campanha de 2014", afirmou Mônica
Moura.
OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com Jeferson Monteiro. Ao telefone, ele
disse que se manifestou na página de Dilma Bolada no Facebook. O post
mais recente informa: "Pelos meus cálculos, eu já teria que ter, no
mínimo, R$1,7 milhão de reais na conta: R$500 mil segundo a Revista
Época, R$1 milhão segundo Marcelo Odebrecht e agora mais R$200 mil
segundo Mônica Moura. Alguém, por gentileza, me avisa onde que tenho que
retirar a quantia porque estou com o aluguel atrasado e o telefone
cortado. Obrigado!"
Dilma Rousseff por meio de seus assessores divulgou nota na qual diz que
João Santana e Mônica Moura "prestaram falso testemunho e faltaram com a
verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças
dos investigadores". A ex-presidente diz ainda que o fim do sigilo das
delações prejudicou sua defesa na ação que tramita no TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
Leia a íntegra da nota de Dilma:
"Sobre os depoimentos sigilosos de João Santana e Mônica Moura,
liberados na tarde desta quinta-feira, 11 de maio, a Assessoria de
Imprensa de Dilma Rousseff destaca:
1. Infelizmente, chega tarde a decisão do relator da Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, suspendendo o sigilo
dos depoimentos de João Santana e Mônica Moura.
2. Há semanas, a defesa da presidenta eleita Dilma Rousseff havia feito
tal pedido ao Tribunal Superior Eleitoral, a fim de apresentar suas
alegações finais ao relator do caso das contas de campanha, ministro
Herman Benjamin.
3. A defesa foi prejudicada pela negativa do relator. Não foi possível
cotejar os depoimentos prestados pelo casal à Justiça Eleitoral e na
Lava Jato.
4. As contradições e falsos testemunhos foram vislumbrados, apesar
disso, pelo que foi divulgado amplamente pela imprensa, na velha
estratégia do vazamento seletivo dos depoimentos - uma rotina nos
últimos tempos.
5. Agora mesmo, os depoimentos são entregues à imprensa, mas não repassados oficialmente à defesa da presidente eleita.
6. Dilma Rousseff, contudo, reitera o que apontou antes: João Santana e
Mônica Moura prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus
depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos
investigadores.
7. Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida."
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