Justiça suíça comunicou Ministério da Justiça sobre investigação contra Paulo Roberto Costa, que segue preso em Curitiba
SÃO PAULO - A Justiça Federal de Berna, na Suíça, comunicou às
autoridades brasileiras nesta quinta-feira que abriu ação penal contra o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa por
lavagem de dinheiro. Costa mantinha 12 contas na Suíça, onde estão
depositados US$ 23 milhões em seu nome e US$ 5 milhões no nome de seus
familiares (filhas e genros). Apenas os US$ 23 milhões foram bloqueados,
já que somente Costa é processado pela Justiça brasileira, na 13ª Vara
Federal Criminal do Paraná, em Curitiba. Por essa razão, o procurador
federal de Lausanne, na Suíça, Luc Leimgruber, enviou documento,
devidamente traduzido para o português para o Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional da Secretaria Nacional
de Justiça, do Ministério da Justiça, comunicando a abertura do processo
penal contra o ex-diretor da Petrobras.
Costa foi preso novamente
ontem no Rio. Ele foi transferido na manhã desta quinta-feira para a
Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde permanecerá detido
preventivamente por uma série de crimes incluindo lavagem de dinheiro e
evasão de divisas. Ele é acusado de pertencer à quadrilha do doleiro
Alberto Youssef, suspeita de ter movimentado ilegalmente algo em torno
de R$ 10 bilhões, sobretudo de negócios envolvendo empresas ligadas à
Petrobras.
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Um
dos negócios nos quais a quadrilha ganhou dinheiro, segundo documento
da Justiça do Paraná, é a Refinaria Abreu e Lima, que a estatal está
construindo em Pernambuco. Parte do dinheiro bloqueado na Suíça teria
vindo dos negócios com a construção da refinaria.
O procurador
federal de Lausanne, na Suíça, Luc Leimgruber, explica às autoridades
brasileiras que a ação penal contra Paulo Roberto Costa está sendo
tocada pelo Ministério Público da Confederação Suíça por suspeitas de
lavagem de dinheiro agravada (no sentido do art. 305bis al. 2 Código
Penal).
O documento suíço relata, em ordem cronológica os fatos
que levaram à abertura da investigação contra o ex-diretor da Petrobras,
informando que "em 10 de abril de 2014, o Ministério Público da
Confederação (MPC) abriu, na sequência de um anúncio do FIU suíço
(Unidade Financeira de Inteligência; n. d. trad.), uma instrução penal
em aplicação dos art. 309 e 24 al. 1 do Código de Processo Penal contra
Paulo Roberto Costa e desconhecidos pelo crime de lavagem de dinheiro no
sentido do art. 305 bis Código Penal".
Diz, na sequência, que a
investigação "resulta, com efeito, que Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da companhia petroleira estatal PETROBRAS, teria sido detido pelas
Autoridades Brasileiras em 20 de março de 2014 no âmbito de um amplo
processo de lavagem de dinheiro sobre fundo de corrupção dito
“Lava-Jato”, vinculado ao doleiro Alberto Youssef, que teria também sido
detido”.
“Paulo Roberto Costa, naquela altura diretor da
Petrobras, teria recebido, em 2011-2012 propinas para a adjudicação das
obras no âmbito da construção das refinarias de Abreu e Lima, nos
arredores de Recife (Pernambuco, Brasil). Paulo Roberto Costa teria
também sido acusado de desvio de fundos públicos no âmbito de outra
investigação vinculada à compra pela Petrobras, em 2006, da refinaria
americana Pasadena, sediada no Texas. Por outro lado, parece que
Humberto Sampaio de Mesquita e Marcio Lewkowicz, genros de Paulo Roberto
Costa, assim como Arianna Azevedo Costa Bachmann e Sanni Azevedo
Bachamann, filhas do ex-dieretor) seriam também objeto da investigação
conduzida no Brasil por ter ajudado Paulo Roberto na lavagem de
dinheiro, particularmente ocultando haveres e documentos”, diz o
documento Suíço.
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